A pouco menos de uma semana do Dia de Ação de Graças, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tem motivos de sobra para agradecer e para orar por um novo — e definitivo — sucesso. Depois de uma aprovação apertada na Câmara dos Representantes (220 votos a favor e 213 contra), o Senado deverá apreciar, depois do recesso de feriado, o gigantesco projeto de lei de bem-estar social e ambiental proposto pelo democrata e estimado em US$ 1,8 trilhão (cerca de R$ 10 trilhões).
A tarefa da Casa Branca para aprovar o plano, apelidado de Build Back Better (Reconstruir Melhor), não será nada fácil: a espiral inflacionária da economia norte-americana se impõe como obstáculo entre os próprios democratas, que, mais uma vez, devem mostrar resistência ao texto, somando-se aos republicanos.
"Hoje, a Câmara aprovou meu projeto de lei Build Back Better. Agradeço à presidente (Nancy) Pelosi, à liderança da Câmara, e aos membros que trabalharam tão duro e aprovaram esse texto. Agora, ele vai para o Senado, onde espero que seja aprovado o mais rápido possível, para que eu possa sancioná-lo", escreveu Biden. O projeto prevê uma série de reformas na educação, na saúde, no meio ambiente e na atenção à infância e passou a ser considerado o centro da agenda nacional do governo democrata.
Professor de direito e de ciência política da Universidade de Yale, Bruce Ackerman disse à reportagem que a aprovação do plano pelos deputados "representa um importante ato de liderança ambiental, depois da cegueira deliberada de Donald Trump ante a realidade do aquecimento global". Ele prevê um trâmite tortuoso no Senado e aposta que a Câmara Alta do Congresso responderá com um compromisso que minará algumas das principais iniciativas aprovadas na Câmara. "A questão é se os compromissos do Senado destruirão qualquer movimento sério em relação à frente ambiental — no momento em que o aquecimento global se acelera em ritmo perigoso", avaliou.
Prêmio Nobel de Economia em 2013 e um dos 17 laureados signatários de uma carta aberta a Biden, na qual elogiavam o plano, Robert Shiller — também professor de economia em Yale — confidenciou ao Correio que apoiaria o pacote presidencial "apenas por suas disposições sobre as mudanças climáticas". "Estamos enfrentando uma grande crise climática e é comovente ver que os Estados Unidos tomam algumas medidas contra ela", observou.
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Humanidade
Para Shiller, o plano de Biden se destaca por sua humanidade e pela atenção às crianças e aos pobres. "A covid-19 impôs um fardo especial sobre os mais carentes. Após a aprovação e a promulgação do plano, pode haver um aumento das pressões inflacionárias. Biden precisará usar a discrição ao ampliar os gastos."
Por sua vez, Jason Furman — professor da Universidade de Harvard e conselheiro econômico no governo do também democrata Barack Obama — afirmou à reportagem que o plano de Biden será "um passo histórico na abordagem das mudanças climáticas e na expansão de oportunidades para as crianças". "O texto enfrenta desafios no Senado, mas espero que, no fim, seja aprovado com algumas modificações adicionais."
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