Diplomacia

Líderes da França e Alemanha mostram sintonia em primeira reunião

Os dois líderes discutiram sua visão sobre o futuro da UE, quando a França se dispõe a assumir a presidência temporária por seis meses em janeiro, assim como a tensão entre Rússia e Ucrânia, a crise de migrantes na fronteira com Belarus e a relação com China e África.

Agência France-Presse
postado em 10/12/2021 13:24 / atualizado em 10/12/2021 13:24
 (crédito:  Ludovic MARIN / AFP)
(crédito: Ludovic MARIN / AFP)

Paris, França- O presidente francês Emmanuel Macron destacou nesta sexta-feira (10) em Paris a "convergência de pontos de vista" com o novo chanceler alemão Olaf Scholz, que em sua primeira viagem internacional evitou se pronunciar sobre uma eventual reforma das regras fiscais europeias levantada pela França.

Depois de um almoço de trabalho no Eliseu, Macron destacou em entrevista coletiva a "sólida convergência de pontos de vista" com Scholz, assim como o "desejo" dos dois países, motores da União Europeia (UE), de trabalharem juntos e sua aposta na Europa que, em sua opinião, será necessária nos próximos meses e anos.

Os dois líderes discutiram sua visão sobre o futuro da UE, quando a França se dispõe a assumir a presidência temporária por seis meses em janeiro, assim como a tensão entre Rússia e Ucrânia, a crise de migrantes na fronteira com Belarus e a relação com China e África.

Fiel a uma longa tradição iniciada após a Segunda Guerra Mundial, o novo chanceler social-democrata, de 63 anos, iniciou a primeira viagem no cargo por Paris, antes de seguir nas próximas horas para Bruxelas.

Um dia antes, Macron defendeu "repensar o marco fiscal" da UE devido às lições da pandemia de coronavírus, regras fiscais rígidas que foram defendidas com firmeza pela Alemanha durante a crise do euro, mas que aceitou suspender para enfrentar a pandemia.

Ao ser questionado se apoiava a ideia de Macron sobre essas normas, que limitam o déficit público a 3% do PIB e que permanecem suspensas, o alemão evitou responder profundamente, especialmente quando seus sócios de governo - Verdes e liberais - não estão na mesma posição quanto ao rigor orçamentário.

"Trata-se de manter este crescimento gerado pelo pacto de recuperação (europeu). Devemos trabalhar na solidez de nossas finanças. Não é contraditório. São as duas caras de um mesmo esforço", afirmou Scholz durante a entrevista coletiva conjunta.

Embora Macron também tenha apoiado a ideia de disciplina orçamentária na zona do euro, defendeu "manter o crescimento" na Europa e criar empresas líderes para reforçar a "soberania" do bloco, pedindo então flexibilidade com as regras ou a criação de "novas" parar alcançar esses três objetivos.

Mais tarde, Scholz se reunirá na capital belga com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, e com os líderes das instituições da UE, Ursula von der Leyen e Charles Michel, antes da reunião de cúpula do bloco na próxima semana.

Em todos os encontros, a agenda deve abordar o avanço da pandemia de covid-19, as tensões com a Rússia na fronteira com a Ucrânia, o boicote diplomático aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim ou a mudança climático.

- "Mediação" na Ucrânia -


Depois de 16 anos de governo Merkel, que conheceu quatro presidentes franceses, Scholz pretende encarnar uma certa continuidade e proporcionar confiança aos sócios europeus.

Mas o ex-vice-chanceler e ministro das Finanças não deseja ser apenas uma repetição de Merkel.

O programa de governo da coalizão de Scholz com Verdes e liberais mostra novas ambições de Berlim para a política europeia, apostando na "evolução da UE para um Estado federal europeu" de funcionamento descentralizado.

Se a vontade de reativar as reformas europeias deve satisfazer os líderes das instituições europeias em Bruxelas, a reunião com o secretário-geral da Otan pode ter outro tom.

Por um lado, a aliança transatlântica sempre demonstrou receio ante a ideia de uma evolução de um programa de defesa a nível europeu. Por outro, o programa do governo alemão não faz menção ao objetivo da Otan de aumentar os gastos militares.

Sob pressão dos Estados Unidos, Merkel se comprometeu a avançar para um volume de gastos militares de 2% do PIB por ano. A nova coalizão de governo menciona apenas o objetivo de 3% do PIB incluindo a Otan, a ajuda ao desenvolvimento e à diplomacia alemã.

Um ponto de concordância é o compromisso do novo governo alemão de mostrar mais firmeza ante regimes autoritários.

Em París, os líderes da França e Alemanha expressaram sua vontade de continuar mediando em conjunto a crise ucraniana, apesar do presidente russo, Vladimir Putin, parecer preferir agora como interlocutor o americano Joe Biden.

"Nossa vontade conjunta é continuar este diálogo com o presidente da Ucrânia [Volodimir] Zelenski e com Putin", acrescentou Macron, que conversou com o primeiro nesta sexta-feira.

Scholz alertou na quarta-feira que uma invasão da Ucrânia levaria a possíveis "consequências" para o gasoduto Nord Stream II entre Rússia e Alemanha, um projeto polêmico apoiado firmemente por Merkel.

 

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