Estados Unidos

Procuradora-geral de NY encontra evidências de fraudes em negócios de Trump

Rodrigo Craveiro
postado em 20/01/2022 06:00
 (crédito: Saul Loeb/AFP)
(crédito: Saul Loeb/AFP)

Um ano depois de abandonar Washington sem entregar pessoalmente a faixa presidencial a Joe Biden, o republicano Donald Trump se mantém nos holofotes por seus problemas com a Justiça. Ontem, a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, anunciou ter encontrado indícios de que o clã Trump supervalorizou, de modo fraudulento, vários ativos com o intuito de obter ganhos financeiros. De acordo com um extenso documento judicial, Letitia concluiu que o magnata "tinha a máxima autoridade sobre uma série de condutas da Organização Trump, que envolviam declarações erradas às contrapartes, incluídas as instituições financeiras e o Serviço de Impostos Internos".

"Nós descobrimos evidências significativas que sugerem que Donald J. Trump e a Organização Trump avaliaram, de forma falsa e fraudulenta, vários ativos, e deturparam esses valores para instituições financeiras", declarou Letitia James, por meio de comunicado à imprensa. A procuradora-geral defendeu a importância de interrogar, sob juramento, Donald Trump e os filhos Donald Trump Jr. e Eric Trump sobre os negócios imobiliários da família.  

Mitchell Epner, ex-procurador-federal e advogado na firma Rottenberg Lipman Rich P.C. (em Nova  York), admitiu ao Correio que as acusações contra Trump são "gravíssimas", no que diz respeito ao "uso de avaliações de ativos fraudulentas ou enganosas" para obter vantagens fiscais. "Com relação aos impostos, na condição de procuradora-geral de Nova York, Letitia James tem competência para ajuizar uma ação civil e recuperar quaisquer valores sonegados."

De acordo com ele, a dificuldade em apresentar acusações criminais contra Trump seria demonstrar que o ex-presidente sabia do teor fraudulento das declarações de renda no momento em que foram feitas. "Isso exige uma prova de seu estado de espírito, algo difícil de obter. Uma das muitas defesas que ele poderia levantar é alegar que confiava nos contadores e advogados para assinar os documentos. Se um júri acreditar nessa tese, Trump não seria culpado de nenhum crime de fraude", afirmou Epner. "Pode ser mais fácil apresentar acusações criminais contra as Organizações Trump, o que levaria apenas a multas e, potencialmente, à dissolução da corporação."

Também ex-procurador federal, Roland Riopelle lembrou à reportagem que a investigação conduzida por Letitia James pode resultar apenas em responsabilidade civil e fiscal, além de multas e sanções. "Trump não pode ser preso com base nas conclusões. Se isso ocorrer aqui em Nova York, será em decorrência de outra investigação comandada pelo procurador distrital", observou. 

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