Ucrânia

Prefeito Vitali Klitschko determinado a pegar em armas para defender Kiev

O prefeito da capital ucraniana e ex-campeão mundial de boxe, Vitali Klitschko, pronto para trocar seu terno por um uniforme militar em caso de invasão

Agence France-Presse
postado em 10/02/2022 19:10 / atualizado em 10/02/2022 19:11
 (crédito: SERGEI SUPINSKY)
(crédito: SERGEI SUPINSKY)

"Defenderei Kiev de armas na mão", declarou em entrevista à AFP o prefeito da capital ucraniana e ex-campeão mundial de boxe, Vitali Klitschko, pronto para trocar seu terno por um uniforme militar em caso de invasão.


"Eu sempre treino. Eu acompanho as formações como ex-oficial e chefe da defesa territorial. Eu sei usar quase todas as armas", afirmou Klitschko, 50 anos, em seu escritório em Kiev.


"Entendemos que a Rússia tem um dos exércitos mais poderosos do mundo", mas "qualquer agressor tem que saber: [invadir a Ucrânia] vai lhe custar caro, não vamos desistir", continua este colosso de dois metros e de atitude energética.


 5.000 abrigos antiaéreos 

A Rússia concentra mais de 100.000 soldados em sua fronteira com a Ucrânia e o presidente russo, Vladimir Putin, disse na semana passada, segundo os serviços de inteligência dos Estados Unidos, que poderia cercar Kiev e derrubar o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em 48 horas.


Mas Klitschko considera que isso é apenas "uma hipótese" e que seus serviços estão preparados para "o pior cenário"; Se necessário, está tudo pronto para "uma evacuação parcial de Kiev", cidade de três milhões de habitantes, explica o prefeito.


Klitschko afirma que a capital conta com 5.000 abrigos antiaéreos, embora muitos tenham sido convertidos nos últimos anos em salões de beleza ou bares de striptease.


"Não vejo nada de errado nisso. Os donos cuidam deles e [os abrigos] estão em boas condições", diz Klitschko com um sorriso.


"Entendemos que nem os alemães, nem os franceses, nem os americanos vão nos defender. É assunto nosso, é nossa terra", continua o prefeito, que administra a cidade há oito anos.


 "Milhares de reservistas" 

Klitschko, no entanto, não esconde a sua decepção com a Alemanha, onde treinou boxe, que segundo a Ucrânia bloqueia as entregas de algumas armas, previstas no quadro da cooperação do país do Leste Europeu com a Otan.


"Em um momento tão crítico, é difícil entender que as armas não são entregues ou que a Alemanha está bloqueando as entregas de armas defensivas", não importa o quão preocupados os alemães estejam com o gasoduto Nord Stream 2, critica o prefeito.


O polêmico gasoduto foi construído para levar gás russo para a Alemanha sem passar pela Ucrânia.


"Peço oficialmente aos nossos parceiros que decidam de que lado estão: do lado da Ucrânia, que está se defendendo, ou do lado do agressor", continua.


Klitschko espera receber o chefe de governo alemão, Olaf Scholz, na próxima segunda-feira. "Teremos algo para discutir", diz ele.


O ex-boxeador pede mais do que palavras de apoio.


"Se uma guerra estourar na Ucrânia, um dos maiores países da Europa, toda a Europa ficará desestabilizada", adverte.


Seu irmão mais novo, Wladimir, também ex-campeão de boxe, alistou-se como reservista.


"Temos milhares de reservistas. Todos os dias recebemos uma centena de ligações de pessoas que querem se alistar na defesa territorial de Kiev", diz o prefeito.


O exército ucraniano, confrontado desde 2014 com separatistas pró-Rússia no leste, melhorou suas capacidades desde o início do conflito.


"Temos que ser fortes. Os fortes não são atacados, eles são temidos", proclama Vitali Klitschko.

 

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