A desconfiança sobre a retirada efetiva de tropas russas da fronteira da Ucrânia é crescente. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, pediram que a Rússia tome medidas concretas para evitar conflitos com Kiev, e ameaçaram Moscou com sanções.
Em conversa telefônica, o presidente norte-americano e o chanceler alemão concordaram que "a Rússia deve tomar medidas reais de desescalada" e que, "no caso de uma nova agressão militar contra a integridade territorial e a soberania da Ucrânia, a Rússia deve esperar consequências gravíssimas", informou nota da chancelaria alemã divulgada na noite de ontem.
De acordo com a Agência France Presse (AFP), um alto funcionário da Casa Branca disse que a Rússia aumentou sua presença na fronteira com a Ucrânia com, pelo menos, "7 mil militares", alguns deles chegando ontem. Moscou pode "a qualquer momento" lançar uma operação que lhe serviria de "pretexto falso" para invadir a Ucrânia, prosseguiu o funcionário. "A Rússia diz querer encontrar uma solução diplomática, mas suas ações indicam o contrário", destacou.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky prometeu, ontem, que seu país resistirá a qualquer eventual invasão, enquanto a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) afirmou que não verificou nenhuma retirada militar por parte da Rússia nas fronteiras com a ex-república soviética.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, que presidiu uma reunião dos ministros da Defesa da Aliança, ontem, em Bruxelas, descartou que a ameaça na fronteira tenha diminuído depois de o país governado por Vladimir Putin ter anunciado que começou a retirar parte dos seus soldados. O secretário anunciou o reforço das defesas dos países-membros no leste da Europa.
Centenas de paraquedistas dos Estados Unidos chegaram, ontem, ao aeroporto de Rsezsow, na Polônia. A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse que a Rússia pode usar falsas acusações em busca de um pretexto para atacar a Ucrânia. Em entrevista de imprensa, afirmou que a desinformação pode ser uma estratégia utilizada por Moscou, como no caso de usar um suposto ataque como prerrogativa para uma reação. Segundo a porta-voz, a crise ainda se encontra em uma "janela" na qual um "ataque pode ocorrer a qualquer momento".
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, também afirmou, ontem, que há "poucas provas" de uma retirada de tropas russas da fronteira ucraniana, durante uma conversa com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, informou seu gabinete.
Os dois líderes reiteraram a responsabilidade dos estados de "cumprirem suas obrigações sob a Carta da ONU e respeitar a soberania e a integridade territorial dos membros da ONU", acrescentou o texto.
Reafirmaram também a necessidade de "todas as partes trabalharem de boa fé para a implementação dos acordos de Minsk", que preveem a eventual devolução dos territórios separatistas do leste da Ucrânia ao controle de Kiev, às vésperas de uma reunião do Conselho de Segurança, marcada para hoje.
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Sanções
A secretária de Tesouro norte-americana, Janet Yellen, disse que as sanções econômicas planejadas por Washington contra a Rússia no caso de uma invasão da Ucrânia teriam não só "graves consequências para a economia russa", mas também "repercussões mundiais". "Evidentemente, o que queremos é que pesem sobretudo para a Rússia. Mas reconhecemos que também terão repercussões mundiais", destacou Yellen, ontem, em entrevista à AFP.
Biden, alertou na terça-feira que as sanções ocidentais contra a Rússia no caso de uma invasão da Ucrânia "estão prontas". Depois, falou de medidas "poderosas" dirigidas a instituições financeiras e "indústrias-chave".
Zelensky, que decretou um "Dia da Unidade", ontem, assistiu a algumas manobras militares perto de Rivné, noroeste do país. Depois, viajou para Mariupol, a última cidade do leste controlada pelo governo. Ele negou ter observado qualquer indício de que as tropas russas estejam se retirando. "Estamos vendo pequenas rotações. Não chamaria essas rotações de uma retirada das forças por parte da Rússia", comentou. "Não vemos nenhuma mudança", acrescentou.
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