Cúpula

Europeus e africanos realizam cúpula para promover nova relação

Os líderes dos países da União Europeia e seus homólogos da União Africana lançaram um enorme esforço para fomentar uma nova relação entre os dois continentes

Agence France-Presse
postado em 17/02/2022 16:20 / atualizado em 17/02/2022 16:21
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

Os líderes dos países da União Europeia (UE) e seus homólogos da União Africana (UA) lançaram nesta quinta-feira (17) um enorme esforço para fomentar uma nova relação entre os dois continentes, com uma agenda concentrada em temas de segurança, saúde, estabilidade e investimentos.

"É um novo começo para uma associação renovada. Espero discussões frutíferas em todos os temas, tais como segurança, luta contra o terrorismo e financiamento das economias africanas", disse, ao chegar ao local das reuniões, o presidente do Senegal e da União Africana, Macky Sall.

Ao abrir os trabalhos, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que ninguém pretendia tratar "desses temas como de hábito", mas mostrar aos líderes africanos que a UE é o sócio mais confiável.

Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a cúpula "era uma excelente oportunidade para discutir como vamos trabalhar juntos, e como faremos com que nossas ambições compartilhadas se tornem realidade".

No total, 49 dos 55 líderes africanos participam do encontro em Bruxelas, com uma agenda ambiciosa para definir uma nova associação entre as partes.

A cúpula acontece mediante um inédito sistema de mesas redondas temáticas, para evitar as cansativas sessões de discursos, e permitir "intercâmbios mais vivazes" e diretos entre os líderes.

A última cúpula entre europeus e africanos data de 2017 e, desde então, as relações azedaram por problemas relacionados com a migração, disputas por acesso às vacinas anticovid e uma série de golpes de Estado na África.

Para os líderes africanos, a luta contra a pandemia de coronavírus é uma prioridade e eles já manifestaram sua decepção pelo que consideram uma distribuição injusta de doses.


Acesso a vacinas 

A UE é o maior exportador de vacinas do mundo e afirma ter enviado mais de 400 milhões de doses através da iniciativa mundial de intercâmbio de vacinas COVAX. Além disso, promete entregar à África 450 milhões de doses adicionais para meados deste ano.

A Europa busca aumentar o financiamento para ajudar a viabilizar os sistemas de saúde do continente africano e prometeu 1 bilhão de euros para impulsionar a produção futura de vacinas na África.

A UE tem como objetivo convencer os líderes africanos de que a Europa é seu aliado de maior confiança, com o lançamento de uma iniciativa de investimentos de 150 bilhões de euros anunciada este mês.

Trata-se da primeira fase do ambicioso plano que a UE denomina Global Gateway: um gigantesco plano de investimento de alcance global de aproximadamente 300 bilhões de euros destinado a competir com a iniciativa chinesa conhecida como Nova Rota da Seda.

Não obstante, os detalhes do plano continuam sendo vagos e os Estados-membros da UE continuam discutindo sobre quanto será a contribuição para um pacote inicial.


 Retirada do Mali 

A cúpula em Bruxelas acontece depois de uma série de golpes militares na África que provocaram a suspensão de um número sem precedentes de Estados-membros da UA. Por isso, Burkina Faso, Guiné, Mali e Sudão não foram convidados.

A França, por sua vez, anunciou formalmente nesta quinta-feira a retirada de suas tropas do Mali e sua redistribuição para outras áreas do Sahel, mas negou categoricamente que a missão no país africano tenha sido um fracasso.

"Não podemos seguir comprometidos militarmente com autoridades 'de facto', que têm estratégia e objetivos ocultos com os quais nós não compartilhamos", disse o presidente Emmanuel Macron. A saída francesa do Mali levará entre "quatro e seis meses", acrescentou.

"Compreendemos esta decisão", disse o presidente da União Africana em uma conferência conjunta.

O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, disse nesta quinta-feira que a UE aguarda uma posição da junta de governo do Mali sobre as "garantias" para decidir o futuro de suas missões de treinamento no país africano.

"Não estamos abandonando o Sahel, nem abandonando o Mali. Estamos reestruturando nossa presença para fazer frente a uma nova situação política", disse Borrell.


 

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