RÚSSIA x UCRÂNIA

Crise na Ucrânia se agrava e Biden volta a falar em guerra

Após o aceno de Putin sobre retirada das tropas, um clima mais ameno havia pairado, mas não durou muito tempo

Aline Brito
postado em 17/02/2022 22:16 / atualizado em 17/02/2022 22:28
 (crédito: TIMOTHY A. CLARY / AFP)
(crédito: TIMOTHY A. CLARY / AFP)

Nesta quinta-feira (17/2), a crise na Ucrânia voltou a se agravar. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que "toda indicação é de que eles (russos) estão preparados para entrar na Ucrânia", ao comentar a presença militar da Rússia na fronteira do país vizinho. Ele considerou que o risco de uma ameaça russa é "muito alto".

Os Estados Unidos afirmaram ainda que a Rússia está prestes a desencadear um ataque militar na Ucrânia A afirmativa contesta a alegação de Vladimir Putin, feita na última terça-feira (15/2), de que está retirando as forças russas concentradas por vários meses nas fronteiras ucranianas.

Enquanto isso, um jardim de infância ucraniano foi bombardeado no Leste da Ucrânia, em uma região ocupada por separatistas pró-Rússia, fazendo a crise na região se agravar. Segundo a OTAN e os EUA, esses ataques seriam pretexto para Rússia invadir a Ucrânia.

O secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, classificou o cenário como "preocupante". "Já dissemos que os russos poderiam fazer algo como isso (bombardeio) para justificar um conflito militar. Então vamos observar isso de muito perto", disse Austin após uma reunião em Bruxelas com os ministros da Defesa da Otan.

Com esses acontecimentos, a embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield disse que, apesar do anúncio de retirada de tropas, a Rússia se dirige para uma "invasão iminente" da Ucrânia. "Quero sinalizar nosso intenso compromisso com a diplomacia, oferecer e enfatizar o caminho para a desescalada e deixar claro ao mundo que estamos fazendo tudo, tudo, que podemos para evitar uma guerra", garantiu Greenfield.

Expulsão

A Rússia "expulsou" o vice-embaixador dos Estados Unidos em Moscou, Bart Gorman. O Departamento de Estado Americano informou sobre a expulsão e considerou a atitude uma "escalada" na crise na Ucrânia, que pode dificultar as soluções diplomáticas para a crise nas fronteiras ucranianas.

"Pedimos à Rússia que acabe com as expulsões infundadas de diplomatas americanos", disse um porta-voz do Departamento de Estado à AFP. “Estamos estudando nossa resposta", completou, dizendo que a ação contra o diplomata "não foi provocada".

"Agora, mais do que nunca, é crucial que nossos países tenham o pessoal diplomático necessário para facilitar a comunicação entre nossos governos", concluiu.

Wall Street sofre

A bolsa de New York refletiu o agravamento da crise e fechou em forte queda nesta quinta (17/2). O Dow Jones recuou 1,78% a 34.312,03 pontos, enquanto o índice Nasdaq, que reúne as ações tecnológicas, caiu 2,88% a 13.716,71 pontos, e o índice composto S&P 500 registrou queda de 2,12% a 4.380,26 unidades.

Joe Biden e Vladimir Putin
Joe Biden e Vladimir Putin (foto: AFP)

"As ações estão sob pressão com o aumento das inquietações geopolíticas", explicaram em nota os analistas da Schwab.

Por outro lado, os preços do petróleo também recuaram, após sessões voláteis esta semana, influenciadas por informações contraditórias sobre a crise na Ucrânia e as discussões sobre um acordo nuclear iraniano, que é outro assunto sob atenção do mundo no momento.

O preço do barril de Brent do Mar do Norte para entrega em abril recuou 1,94% a 92,97 dólares. Em Nova York, o barril de West Texas Intermediate (WTI) com prazo para março recuou 2,02% a 90,81 dólares.

Viagem em meio à crise

O vice-primeiro-ministro russo, Yuri Borisov, chega a Havana, capital de Cuba, nesta quinta (17/2) para uma visita oficial, em meio à tensão entre Moscou e potências ocidentais por causa da Ucrânia. Borisov "terá encontros com diferentes autoridades cubanas para avaliar o andamento da colaboração bilateral em diferentes esferas", informou o Ministério das Relações Exteriores de Cuba (Minrex), sem especificar a duração da visita.

A viagem de Borisov, que visitou Cuba em outubro passado, ocorre quase um mês depois que os presidentes Vladimir Putin e Miguel Díaz-Canel discutiram o fortalecimento "da associação estratégica" entre Rússia e Cuba em uma conversa por telefone. Os dois falaram sobre a cooperação comercial, econômica e de investimentos bilateral, enquanto o presidente cubano agradeceu a ajuda de alimentos e medicamentos fornecida pelo governo russo durante os momentos mais críticos da pandemia na ilha.

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