Ucrânia

"É fundamental que Bolsonaro se posicione", diz pesquisador

Para professor de Relações Internacionais, presidente precisa evitar desgastes diplomáticos com o conflito entre Rússia e Ucrânia

Thays Martins
postado em 24/02/2022 17:02 / atualizado em 24/02/2022 17:02
Há uma semana, Bolsonaro esteve na Rússia em viagem oficial e na ocasião disse que se
Há uma semana, Bolsonaro esteve na Rússia em viagem oficial e na ocasião disse que se "solidarizava" com a Rússia - (crédito: Evaristo Sa/AFP)

Em meio a invasão da Ucrânia pela Rússia, nesta quinta-feira (24/2), o presidente Jair Bolsonaro (PL) preferiu ainda não se manifestar. O vice-presidente Hamilton Mourão, no entanto, já declarou que o Brasil não apoia a decisão da Rússia. Para Rafael Duarte, professor do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário IESB, é preciso que Bolsonaro se manifeste sobre a questão. "É fundamental que o presidente se posicione nas próximas horas, não apenas pela relevância diplomática histórica do Brasil, mas sob pena de criar desgastes diplomáticos desnecessários", destaca. 

Além disso, o professor ressalta que dependendo de como o Brasil se porte diante da crise, o país poderá sofrer consequências desagradáveis. "Imediatamente, o impacto econômico pelo aumento nos preços do petróleo e possível retomada da alta do dólar pode pressionar ainda mais o aumento da inflação. Politicamente, a depender da posição que o país tomar, impacta em articulações para futuros acordos e negócios de interesse do Brasil, como a adesão à OCDE, ingresso na Otan e até mesmo o acordo Mercosul-União Europeia", explica. 

Há uma semana, Bolsonaro esteve na Rússia em viagem oficial e na ocasião disse que se "solidarizava" com a Rússia. A declaração não pegou bem. Como resposta, os Estados Unidos disseram que a fala  "minava a diplomacia internacional". 

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), criada em 1949, está no cerne do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Isso porque o país do leste europeu tem manifestado o desejo de se unir à aliança militar. A Rússia vê o movimento como uma ameaça.

A Otan tem imposto sanções econômicas à Rússia na tentativa de barrar a invasão, porém, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse em entrevista coletiva que o bloco não vai enviar tropas à Ucrânia. "O Secretário geral da Otan já respondeu, afirmando que estão em prontidão para o caso de escalada de hostilidades com os seus membros. Mas a Ucrânia não está ao abrigo dos acordos de defesa dessa organização", explica Rafael Duarte.  O Brasil também não faz parte da Otan, porém, desde 2019 o país é considerado um aliado da organização. 

Apesar dos temores da guerra, Rafael Duarte destaca que o conflito deverá ficar somente entre os dois países "A interdependência que existe hoje entre os países torna a guerra generalizada é vista uma alternativa em que todos perdem, sem exceção. Uma guerra mundial só ocorre quando as lideranças veem esta como a melhor solução para realizar seus interesses", esclarece. 

  • Fumaça vindo do aeroporto de Chuguyev, perto de Kharkiv — Invasão russa à Ucrânia (imagens do dia 24/2)
    Fumaça vindo do aeroporto de Chuguyev, perto de Kharkiv — Invasão russa à Ucrânia (imagens do dia 24/2) Aris Messinis / AFP
  • Fumaça vindo do aeroporto de Chuguyev, perto de Kharkiv — Invasão russa à Ucrânia (imagens do dia 24/2)
    Fumaça vindo do aeroporto de Chuguyev, perto de Kharkiv — Invasão russa à Ucrânia (imagens do dia 24/2) Aris Messinis / AFP
  • Com medo de desabastecimento, população da Ucrânia faz fila em postos de gasolina Invasão russa à Ucrânia (imagens do dia 24/2)
    Com medo de desabastecimento, população da Ucrânia faz fila em postos de gasolina Invasão russa à Ucrânia (imagens do dia 24/2) GENYA SAVILOV / AFP
  •  This photograph taken on February 24, 2022 shows a MT-LB-S armored medical evacuation vehicle, bearing the Ukrainian flag, on the road in northwest Kyiv. - Russian and Ukrainian forces are battling for control of an airbase on the northern outskirts of Kyiv, a senior Ukrainian officer said on February 24, 2022, as dozens of attack helicopters swooped on the area. (Photo by Daniel LEAL / AFP)
    This photograph taken on February 24, 2022 shows a MT-LB-S armored medical evacuation vehicle, bearing the Ukrainian flag, on the road in northwest Kyiv. - Russian and Ukrainian forces are battling for control of an airbase on the northern outskirts of Kyiv, a senior Ukrainian officer said on February 24, 2022, as dozens of attack helicopters swooped on the area. (Photo by Daniel LEAL / AFP) Daniel LEAL / AFP
  •  Police officers detain a demonstrator during a protest against Russia's invasion of Ukraine in Moscow on February 24, 2022. - Russian President Vladimir Putin launched a full-scale invasion of Ukraine on Thursday, killing dozens and triggering warnings from Western leaders of unprecedented sanctions. Russian air strikes hit military installations across the country and ground forces moved in from the north, south and east, forcing many Ukrainians flee their homes to the sounds of bombing. (Photo by Alexander NEMENOV / AFP)
    Police officers detain a demonstrator during a protest against Russias invasion of Ukraine in Moscow on February 24, 2022. - Russian President Vladimir Putin launched a full-scale invasion of Ukraine on Thursday, killing dozens and triggering warnings from Western leaders of unprecedented sanctions. Russian air strikes hit military installations across the country and ground forces moved in from the north, south and east, forcing many Ukrainians flee their homes to the sounds of bombing. (Photo by Alexander NEMENOV / AFP) Alexander NEMENOV / AFP

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