UCRÂNIA

Após Putin citar força nuclear, os EUA, Otan e Ucrânia reagem

Os Estados Unidos afirmaram que Putin está "fabricando ameaças" que não existem para justificar novas agressões

Jéssica Andrade
postado em 27/02/2022 14:19 / atualizado em 27/02/2022 14:19
Em resposta, os Estados Unidos afirmaram que Putin está
Em resposta, os Estados Unidos afirmaram que Putin está "fabricando ameaças" - (crédito: Mikhail Metzel/Sputnik/AFP)

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou neste domingo (27/02) que colocará em alerta a "força de dissuasão" do Exército russo, que pode incluir um componente nuclear. A Ucrânia, os EUA e a Otan reagiram em repúdio.

O termo “força de dissuasão" é dado ao conjunto de estratégias nacionais de defesa de um país, que tem o objetivo de dissuadir ou convencer o oponente a mudar de ideia ou abdicar de uma decisão. Vale destacar que a Rússia tem o maior arsenal nuclear do mundo. 

Segundo a agência estatal Tass, essa é uma reação de Putin a “declarações agressivas” contra a Rússia por autoridades dos países líderes da Otan. "Então, ordeno ao ministro da Defesa e ao chefe do Estado-Maior que coloquem as forças de dissuasão do Exército russo em alerta especial de combate", disse Putin em uma reunião com os líderes militares russos.

O ministro da Defesa, Sergei Shoigu, respondeu: "Afirmativo".

Não é claro o que “modo especial de combate” significa exatamente na Rússia. No entanto, essa é a primeira vez que esse tipo de alerta acontece. No pronunciamento em que anunciou a guerra, ainda na quinta-feira (24/02), Putin afirmou que qualquer interferência estrangeira na ação levaria a "consequências nunca antes vistas”. 

EUA, Otan e Ucrânia reagem

Em reação, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia disse que Kiev não vai ceder nas negociações com a Rússia, acusando Putin de tentar aumentar a "pressão". "Não vamos nos render, não vamos capitular, não vamos desistir de um único centímetro de nosso território", declarou Dmytro Kuleba em uma coletiva de imprensa transmitida online.

Em resposta, os Estados Unidos afirmaram que Putin está "fabricando ameaças".

"Este é um padrão do presidente Putin que temos visto ao longo deste conflito, que está fabricando ameaças que não existem para justificar novas agressões", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, ao canal ABC.

Enquanto isso, a embaixadora de Washington na ONU, Linda Thomas-Greenfield, condenou veementemente o alerta das forças de dissuasão nuclear russas.

"Significa que o presidente Putin continua intensificando essa guerra de uma maneira totalmente inaceitável", reagiu ela em entrevista à CBS.

Para a Otan, o alerta russo é uma retórica perigosa. Este é um comportamento irresponsável", disse o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, à CNN.

"E, é claro, se você combinar essa retórica com o que eles estão fazendo na Ucrânia, travando uma guerra contra a nação soberana independente, conduzindo uma invasão total da Ucrânia, isso aumenta a gravidade da situação", adicionou.

Moscou possui o segundo maior arsenal de armas nucleares do mundo e um enorme arsenal de mísseis balísticos que formam a espinha dorsal das forças de dissuasão do país.

"Eles veem que os países ocidentais não são apenas hostis ao nosso país no campo econômico, quero dizer as sanções ilegítimas", acrescentou, em um discurso televisionado.

"Oficiais seniores dos principais países da Otan também permitem declarações agressivas contra nosso país", disse ele.

O presidente russo ordenou a invasão da Ucrânia na manhã desta quinta-feira (25/2).

Desde então, tropas entraram no país pelo norte, leste e sul, mas enfrentaram forte resistência das tropas ucranianas.

Autoridades ucranianas dizem que algumas tropas russas estão desmoralizadas e exaustas, dizendo que dezenas se renderam.

*Com informações da Agência France Presse

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação