Costa Rica

Rodrigo Chaves dribla polêmicas e mantém favoritismo para presidente da Costa Rica

Com discurso a favor da recuperação econômica e uma atitude altamente confrontativa o conservador e de direita Rodrigo Chaves está cada vez mais próximo da presidência da Costa Roca

Agence France-Presse
postado em 31/03/2022 15:19 / atualizado em 31/03/2022 15:20
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

Conservador e de direita, o candidato Rodrigo Chaves entrou na política costarriquenha como um carro de corrida. Em alta velocidade, evitou questões de assédio sexual e se aproxima cada vez mais de seu objetivo: a Presidência da Costa Rica.

Com um partido novinho em folha, o Partido do Progresso Social Democrata (PPSD), e sendo vagamente lembrado por seus 180 dias como ministro das Finanças entre 2019 e 2020, seu nome não estava no radar de muitos eleitores.

Com um discurso a favor da recuperação econômica e uma atitude altamente confrontativa sob o lema "Me come la bronca" ("Eu compro a briga", em tradução literal), Chaves conseguiu, no entanto, superar um primeiro turno com 25 candidatos e hoje lidera as pesquisas para a votação de 3 de abril, contra o ex-presidente José María Figueres.

"Estamos ganhando (...). Subimos a montanha, sem recursos, com a imprensa contra, com mentiras, com insultos e com infâmias. Mas vocês disseram 'Compramos a briga' por nossa pátria", gritou ele para cerca de 250 apoiadores, no encerramento da campanha, em 25 de março.

Este economista de 60 anos com uma carreira de mais de três décadas no Banco Mundial lidera todas as pesquisas feitas pelo Centro de Pesquisa e Estudos Políticos da UCR (CIEP, na sigla em espanhol), sempre com mais de 40% das intenções de voto e com pelo menos três pontos percentuais de vantagem sobre o adversário.

"Temos mais de 25 anos de crise econômica constante e moral e temos uma esperança de que seja Rodrigo quem vai nos ajudar nessa situação tão difícil”, disse Rolando Gutiérrez, um técnico automotivo de 58 anos.

Com base em sua experiência profissional, assim como em seu doutorado em economia pela Universidade do estado de Ohio e por Harvard, Chaves acredita que conseguirá dar uma guinada em um país com uma reputação de solidez democrática, mas hoje mergulhado em uma crise economia, política e social.

No momento, a Costa Rica tem uma dívida de 70% de seu Produto Interno Bruto (PIB), a quarta maior da América Latina, além de altas taxas de pobreza (23%) e de desemprego (14%).

 Assédio sexual 

E é exatamente do Banco Mundial de onde sai a maioria dos questionamentos à sua candidatura - não em relação à seu perfil profissional, mas à sua atuação como indivíduo.

Acusado de ser arrogante por seus adversários, este homem alto, com quase 1,85 metro, tem nas costas uma sanção desta referida instituição multilateral por assédio sexual, por condutas impróprias entre 2008 e 2013 a duas jovens subordinadas.

Chaves, que pretende ser o 49º presidente deste país da América Central, sofreu uma sanção administrativa em outubro de 2019, com um rebaixamento para um cargo sem subordinados, além da impossibilidade de receber aumento salarial por um período de três anos. Renunciou ao cargo cerca de um mês depois.

Sobre isso, sua defesa tem sido alegar que suas atitudes eram "brincadeiras" e que houve "mal-entendidos diante das diferenças culturais".

"Tenho esposa, seis irmãs, oito tias e duas filhas. Tenho um profundo respeito por todas as mulheres", disse ele à AFP em fevereiro passado, antes do primeiro turno das eleições, uma declaração que tem repetido na imprensa local nas últimas semanas.

Esta semana, porém, no dia 28, o veículo americano The Wall Street Journal noticiou que o candidato manteve sua conduta imprópria com funcionários na Indonésia entre 2018 e 2019, quando dirigiu esta sede. A matéria menciona ainda que ele não conseguiu um cargo no Brasil, porque funcionários brasileiros rejeitaram sua transferência, devido à sua reputação.

Chaves também foi questionado por suspeita de pagar despesas de campanha com recursos procedentes de contas bancárias não declaradas oficialmente, o que ele nega.

"Nos preocupa que alguém assim chegue ao poder e se normalize ainda mais os comportamentos de assédio e de violência contra as mulheres" por parte de seus apoiadores, comentou Rocío Jiménez, integrante do coletivo feminista Chicas al Frente.

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