Guerra no leste europeu

Biden acusa Putin de genocídio: "Quer apagar a ideia de ser ucraniano"

Presidente dos EUA sobe o tom e diz que líder russo tenta "apagar a própria ideia de ser ucraniano". Zelensky denuncia "centenas de estupros". Organização responsável pelo banimento de arsenal químico mostra preocupação com o suposto uso em Mariupol

Correio Braziliense
postado em 13/04/2022 06:00
 (crédito: Alexander Nemenov/AFP)
(crédito: Alexander Nemenov/AFP)

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acusou o homólogo russo, Vladimir Putin, de cometer um "genocídio" na Ucrânia. É a primeira vez que o norte-americano utiliza essa palavra para falar sobre a situação do país invadido por Moscou — em um endurecimento da retórica em relação à Rússia. "Sim, eu chamei isso de genocídio", declarou Biden a repórteres que viajaram com ele para Iowa, quando perguntado sobre o termo que usou em um discurso mais cedo. "Está ficando cada vez mais claro que Putin está simplesmente tentando apagar a própria ideia de ser ucraniano", completou o democrata.

Biden esclareceu que os tribunais terão a última palavra para determinar se as ações da Rússia na ex-república soviética, que incluem acusações de atrocidades cometidas contra civis, constituem genocídio. "Deixe os advogados decidirem se isso se qualifica como tal ou não, mas me parece que sim", disse Biden. 

Por sua vez, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, denunciou "centenas de estupros" de mulheres, e inclusive meninas, cometidas por soldados russos desde o início da invasão. "Foram registrados centenas de casos de estupro, incluindo de meninas menores de idade e crianças muito pequenas. Incluindo um bebê!", garantiu Zelensky em uma mensagem ao Parlamento lituano.

No dia em que as forças da Rússia intensificaram o cerco a Mariupol (sudeste), a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) expressou preocupação com as alegações de uso de armas químicas na cidade, palco de confrontos violentos. "A Secretaria (da Opaq) está preocupada com os recentes relatos não confirmados sobre o uso de armas químicas em Mariupol, divulgados pela mídia nas últimas 24 horas", afirmou a organização em um comunicado. "Esses relatórios seguem os publicados pela imprensa nas últimas semanas sobre os bombardeios contra fábricas químicas na Ucrânia e as acusações entre as duas partes sobre um possível uso abusivo de produtos químicos tóxicos", acrescentou o texto.

Também ontem, os EUA mencionaram "informações credíveis" sobre a possibilidade de a Rússia estar usando "agentes químicos" em sua ofensiva para controlar Mariupol. De acordo com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, "as forças russas poderiam usar diferentes agentes antidistúrbios, incluindo gás lacrimogêneo misturado com agentes químicos que reforçariam os sintomas para fragilizar e imobilizar os combatentes e civis".

O regimento ucraniano Batalhão de Azov afirmou que um drone russo jogou uma "substância tóxica" contra soldados e civis. O prefeito da cidade, Vadym Boichenko, estima em 20 mil o número de civis mortos em Mariupol, de acordo com a agência Reuters.

"Nobres objetivos"

Putin qualificou como "informação falsa" as dezenas de corpos de civis encontrados na cidade de Bucha, perto de Kiev. Depois de se reunir com o colega bielorrusso, Alexander Lukashenko, ele avisou que a ofensiva contra a Ucrânia vai continuar, "de forma harmoniosa, com calma", até "cumprir os nobres objetivos estabelecidos, minimizando as perdas". Ele considerou a operação "necessária e inevitável" para "garantir a segurança da Rússia" ante uma Ucrânia que "começou a se transformar em um reduto antirrusso, a cultivar o nacionalismo, o neonazismo".

Sobre o avanço das negociações para por fim ao conflito, Putin considerou que a "falta de coerência" dos negociadores ucranianos impede um acordo. Ele chegou a declarar que a diplomacia se encontra em um "beco sem saída".

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