Aos 92 anos, a israelense Halina Birenbaum é sinônimo de força e resiliência. Moradora de Herzliya, na parte norte do distrito de Tel Aviv, ela é um dos 161.400 sobreviventes do Holocausto em Israel. Halina resistiu à fome e à perseguição no Gueto de Varsóvia; e ao inferno no campo de extermínio de Auschwitz. No braço direito, a mulher judia carrega, na pele, o número de prisioneiro 48693. Em entrevista ao Correio, no Dia do Holocausto, Halina falou sobre o pesadelo vivido na década de 1940.
Que lições o mundo deve aprender com o Holocausto?
O Holocausto é história. As pessoas aprenderam história, mas não da história. Basta vermos o que ocorre na Ucrânia.
De que maneira o Holocausto mudou a senhora?
Eu aprendi a compreender a vida, as pessoas, a ter mais cuidado com elas e comigo mesma. Também a reconhecer o mal e o perigo, e a combatê-los. Tornei-me mais forte. Aprendi a não trazer dor, a não causar danos ao próximo. Eu experimentei tanto terror, tanto sofrimento, no Gueto de Varsóvia e em Auschwitz. Foram quase seis anos. Todos os meus familiares foram mortos na câmara de gás.
Quais foram os momentos mais horríveis?
Em 1º de setembro de 1939, os alemães bombardearam Varsóvia e queimaram nossa casa. Eu tinha 10 anos. Depois, vi como espancaram meu pai, empurrando-o para o trem que o levou ao campo de extermínio de Treblinka. Poucos meses depois, eu, minha mãe, meu irmão e minha cunhada fomos ao campo de Majdanek, depois do levante do Gueto de Varsóvia. Eles me separaram de mamãe! Levaram-na à câmara de gás. O dia mais terrível vivi em Auschwitz. Vi trens lotados de judeus. Desciam pela rampa e sumiam. Vi um grande medo no olhar deles. Depois, a espessa fumaça escura. Era a carne deles queimando. Testemunhei isso todos os dias, durante quase dois anos.
O que a ajudou a sobreviver?
Foi a vontade forte de viver, uma esperança profunda de que os alemães perderiam a guerra e ficaríamos livres. Tive esses sonhos, nos piores momentos ali...
Teme que as novas gerações se esqueçam do Holocausto?
Não. Esse horror nunca será esquecido. São tantos documentos, livros, filmes e testemunhos! Vozes no terrível silêncio dos assassinados.
Como vê a invasão à Ucrânia?
Vejo isso como o Holocausto. Que desastre! Tragédias, brutalidade, pessoas e crianças!!!
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