Itamaraty

Itamaraty relembra o Holocausto e reforça compromissos contra discriminação

Carlos França também reforçou o papel da pasta em manter um perfil democrático, principalmente na política externa brasileira

Tainá Andrade
postado em 19/04/2022 20:19 / atualizado em 19/04/2022 20:19
Carlos França, o ministro das Relações Exteriores -  (crédito: Geraldo Magela/Agência Senado)
Carlos França, o ministro das Relações Exteriores - (crédito: Geraldo Magela/Agência Senado)

O Itamaraty celebrou, nesta terça-feira (19/04), a cerimônia pela memória do Holocausto. Na ocasião, foram reafirmados legados e compromissos com o tema. O ministro, Carlos França, aproveitou para reforçar o perfil democrático do Itamaraty e o seu papel na política externa.

“O país tem uma trajetória sólida ao combate de todas as formas de xenofobia, intolerância e de discriminação, incluindo o antissemitismo, somos um país que se construiu na diversidade, uma sociedade cada vez mais multifacetada e isso se repete no perfil do Itamaraty e na nossa política externa”, disse França.

Em seu discurso, o ministro lembrou sobre a entrada do Brasil, em novembro do ano passado, na Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA) e afirmou que essa é uma maneira de manter viva — na memória das futuras gerações — o “horror nazista”.

“Nos indica como alerta para as gerações futuras a lembrança do horror nazista e assim o (que se) faz para evitar que calamidades semelhantes voltem a ocorrer, que a desumanidade novamente se imponha e que surjam novas formas de negação da vida ao próximo. Em decorrência de nosso compromisso com a memória do holocausto que constitui um compromisso com a humanidade”, declarou o ministro das relações exteriores brasileira.

O país está na aliança na condição de observador, mas pretende agir para promover a educação e a pesquisa sobre o Holocausto, bem aperfeiçoar as políticas nacionais de enfrentamento ao antissemitismo.

De acordo com um levantamento feito pela antropóloga Adriana Dias, entre 2019 a maio de 2021, o Brasil teve um aumento de 270,6% de grupos neonazistas, em todas as regiões do país. Uma justifica para isso seria o aumento de discursos extremistas e de ódio contra as minorias, nos quais não há punição.

O encarregado de negócios da Embaixada da Suécia em Brasília, Anders Wollter, reforçou a importância de o Brasil ser membro da IHRA: “Nunca devemos ignorar os sinais, quando virmos devemos agir. Somos testemunhas de como forças antidemocráticas agem no mundo”, alertou.

Estiveram também na cerimônia o ministro da Educação, Victor Godoy, a secretária-executiva do Ministério da Mulher, Tatiana Barbosa Alvarenga e o embaixador de Israel, Daniel Zonshine.

Homenagens e memórias em evento:

A data escolhida pela pasta está associada à morte do diplomata Souza Dantas, que, em vida, em meio ao governo de Getúlio Vargas, se colocou em risco para salvar 475 pessoas dos campos de extermínio nazistas. Há um projeto de lei no Congresso Nacional para implementar a data como o Dia Nacional em Memória do Holocausto no Brasil.

Assim como o ex-diplomata, Aracy de Carvalho também foi lembrada pelos representantes na cerimônia. Ela era chefe do setor de passaporte no consulado do brasil em Hamburgo, na Alemanha.

“Ambos acolheram pedidos de vistos naquele período autorizando a entrada em território brasileiro de centenas de imigrantes perseguidos. Agiram de forma corajosa e destemida em favor da vida. Reconhecidos como justos entre as nações. O governo brasileiro, sobretudo nós do Itamaraty, nos orgulhamos desses dois servidores”, afirmou França.

A solenidade aconteceu dois dias após vir a público os áudios que demonstram que ministros do Superior Tribunal Militar (STM) tinham conhecimento sobre relatos de tortura no período da ditadura militar.

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