Guerra da Ucrânia

Rússia afirma que controla zonas residenciais de Severodonetsk

Russia reivindica que possui o controle de todas as zonas residenciais de Severodonetsk, cidade que é zona estratégica no leste de Donbas

Agência France-Presse
postado em 07/06/2022 15:59
Cidade de Severodonetsk destruída após ataque russo       -  (crédito:  AFP)
Cidade de Severodonetsk destruída após ataque russo - (crédito: AFP)

A Rússia reivindicou nesta terça-feira (7) o controle de todas as zonas residenciais de Severodonetsk, cidade estratégica no leste do Donbass, onde as tropas ucranianas lutam contra unidades russas mais numerosas, segundo Kiev.

"As zonas residenciais de Severodonetsk foram libertadas por completo", declarou o ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, em um discurso exibido na televisão.

O exército russo ainda tenta controlar "a zona industrial e as localidades vizinhas", acrescentou.

O presidente da Ucrânia Volodimir Zelensky alertou que as forças ucranianas na cidade estavam em menor número e que os russos eram "mais fortes".

Por outro lado, cerca de 800 civis teriam se refugiado na fábrica de produtos químicos Azot, disse nesta nesta terça-feira o advogado americano do magnata Dmytro Firtach, proprietário do local.

Depois de fracassar na tomada de Kiev, as forças russas concentram a ofensiva no Donbass, uma bacia de mineração no leste do território e parcialmente controlada por separatistas pró-Moscou desde 2014.

A cidade industrial de Severodonetsk é "o núcleo do objetivo do inimigo", afirmou o Estado-Maior ucraniano no primeiro boletim de terça-feira.

Nesta terça, Zelensky declarou ao jornal britânico Financial Times que a Ucrânia precisa de uma vitória contra a Rússia "no campo de batalha" antes de qualquer negociação de paz, mas que sua posição não mudou de que "toda guerra deve terminar na mesa de negociações".

Morte de general russo

O líder dos separatistas pró-Rússia em Donetsk, Denys Pushilin, confirmou a morte de mais um general russo na região.

Em uma mensagem publicada no Telegram, Pushilin enviou suas "sinceras condolências à família e amigos" do general Roman Kutuzov, "que mostrou com seu exemplo como servir a pátria".

As forças ucranianas afirmam que mataram vários militares russos de alto escalão desde o início da ofensiva de Moscou, em 24 de fevereiro. Mas o número exato não é conhecido, pois a Rússia raramente anuncia perdas militares.

O ministro russo da Defesa também anunciou o fim da retirada das minas no porto de Mariupol, cuja conquista custou a Moscou semanas de combates violentos. O porto "está operando com normalidade e recebeu os primeiros navios de carga", afirmou Shoigu.

Missão em Zaporizhzhia? 

A Rússia também ocupa a central nuclear de Zaporizhzhia desde o início da invasão. Em um cenário de combates intensos, Kiev criticou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) por querer visitar a usina.

A visita à central apenas será possível quando a Ucrânia recuperar o controle do local", afirmou no Telegram a Energoatom, empresa que opera as centrais atômicas ucranianas.

Rafael Grossi, diretor da AIEA, afirmou na segunda-feira no Twitter que a AIEA estava preparando uma missão de especialistas para visitar a central de Zaporizhzhia, a maior da Europa, porque a Ucrânia havia "solicitado".

"O diretor geral da AIEA Rafael Grossi mente de novo", denunciou a Energoatom.

"Consideramos esta declaração uma nova tentativa de acesso à central de Zaporizhzhia para legitimar a presença dos ocupantes e aprovar seus atos", acrescentou a operadora.

A Rússia ameaçou em 19 de maio cortar a ligação da Ucrânia com a usina nuclear de Zaporizhzhia, a menos que Kiev pagasse a Moscou pela energia elétrica produzida.

Em 2021, a central representava 20% da produção anual de energia elétrica da Ucrânia e quase metade de toda a energia nuclear produzida no país.

Chantagem do trigo 

A invasão determinada pelo presidente russo Vladimir Putin, ao lado das dificuldades persistentes nas cadeias abastecimento provocadas pela covid-19, provocam o temor de uma escassez global de alimentos.

Rússia e Ucrânia produziam antes do conflito 30% das exportações mundiais de trigo. Mas o bloqueio russo dos portos do Mar Negro provoca a paralisação de até 25 milhões de toneladas de cereais, advertiu Zelensky.

Além do bloqueio, autoridades ucranianas denunciaram que a Rússia está roubando suas reservas de cereais para vendê-las em seu próprio benefício, acusações que a diplomacia dos Estados Unidos considerou "confiáveis".

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, acusou Putin de tentar uma "chantagem" contra as potências ocidentais para que concluam as sanções contra Moscou.

A Turquia se ofereceu para escoltar os comboios marítimos dos portos ucranianos, apesar da presença de minas, das quais algumas foram detectadas perto da costa turca.

Nesse sentido, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguéi Lavrov, chegou nesta terça-feira à capital turca Ancara para falar da criação de corredores marítimos pelo mar Negro.

Desde o início do conflito, milhares de civis morreram e milhões foram obrigados a abandonar suas casas.

No Conselho de Segurança da ONU, Estados Unidos e os países europeus exigiram que a Rússia interrompa a suposta violência sexual executada por integrantes de suas Forças Armadas, após segundo acusações da Ucrânia que Moscou chamou de "mentiras".

 

  • Fumaça e terra subindo do topo dos prédios durante confronto entre Rússia e Ucrânia em Severodonetsk AFP
  • Pessoas esperando um ônibus para irem a estação de trem em Severodonetsk AFP
  • Cidade de Severodonetsk destruída após ataque russo AFP
  • Marcas de movimentação de lançadores de mísseis no sentido de Severodonetsk AFP
  • Fumaça e terra subindo do topo dos prédios durante confronto entre Rússia e Ucrânia em Severodonetsk AFP

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