Português

'Terremoto no Afeganistão não poderia ter ocorrido em um pior momento'

O terremoto de magnitude 6,1 atingiu a província de Paktika, na fronteira com o Paquistão

BBC
BBC Geral
postado em 23/06/2022 14:23 / atualizado em 23/06/2022 14:24
 (crédito: EPA)
(crédito: EPA)

Devastação de um país já devastado.

O leste do Afeganistão vive nesta semana as terríveis consequências de um forte terremoto que deixou pelo menos mil mortos e 1,5 mil feridos. É o terremoto mais mortal no país em duas décadas.

O terremoto de magnitude 6,1 atingiu a província de Paktika, uma região na fronteira com o Paquistão, onde muita gente vive na pobreza.

O Afeganistão vive uma situação econômica e social crítica há décadas e, desde agosto passado, está sob o comando do Talebã.

"As pessoas estão cavando sepultura depois de sepultura", disse Mohammad Amin Huzaifa, chefe do Departamento de Informação e Cultura de Paktika, na quarta-feira (22/6) após o terremoto.

Casas destruídas após o terremoto no Afeganistão
Getty Images
Casas destruídas após o terremoto no Afeganistão

Ele disse à agência AFP que a chuva agravou a situação nestas zonas de difícil acesso nas montanhas e que "todas as casas foram destruídas. Pessoas ainda estão presas sob os escombros".

O líder supremo do país, Hibatullah Akhundzada, alertou que o número de mortos provavelmente aumentará nos próximos dias.

Un hombre camina en la oscuridad en la zona del terremoto en Afganistán.
Getty Images

Horror em 24 horas

O governo talebã pediu ajuda internacional para lidar com o desastre.

"Sabemos que vários distritos da província de Paktika são os mais afetados, mas também chove forte e isso dificulta o acesso a essas comunidades. ", disse à BBC a representante da Unicef ??no Afeganistão, Sam Mort.

Mort, que está em Cabul, confirmou que o governo talebã entrou em contato com as Nações Unidas para solicitar assistência e trabalhar em conjunto para ajudar as comunidades mais afetadas.

Ela diz que os recursos "são muito limitados. A resposta à emergência nas comunidades é feita basicamente pelas mãos das pessoas... Este é um grande desafio em meio aos escombros, à chuva e à lama".

Mort disse que o terremoto não poderia ter acontecido em pior hora devido à situação precária do país, principalmente depois da tomada do poder pelo Talebã.

Casas detrozadas tras el terremoto en Afganistán
Getty Images

O país "enfrenta a pior seca em 37 anos. Há uma crise de desnutrição crônica. Um milhão de crianças menores de 5 anos vivem em risco de desnutrição grave. Existem doenças evitáveis, como sarampo e diarreia, que se espalham e que estão tirando a vida de crianças", disse a representante da Unicef.

"Temos um país onde 97% da população está à beira da pobreza. As pessoas não têm o que comer. É uma situação muito, muito desafiadora. E agora, além disso, a comunidade rural mais pobre tem que lidar com um terremoto", afirma Mort.

O Afeganistão é propenso a terremotos, pois está localizado em uma região sismicamente ativa.

Nos últimos 10 anos, mais de 7 mil pessoas morreram em terremotos no país, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

'Este texto foi originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-61908844'


Dados sobre o Afeganistão

  • O Talebã governa o país: islamistas radicais assumiram o controle do Afeganistão no ano passado, quase 20 anos depois de serem depostos por uma coalizão militar liderada pelos EUA.
  • Há uma crise alimentar: mais de um terço da população não consegue satisfazer suas necessidades básicas e a economia está com problemas, pois a ajuda externa e o dinheiro se esgotaram quando o Talebã assumiu o poder.
  • Os direitos das mulheres são restritos: elas são obrigadas a cobrir o rosto em público e as adolescentes não podem ir à escola.

Sabia que a BBC está também no Telegram? Inscreva-se no canal.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Footer BBC