Ucrânia

Guerra na Ucrânia: explosões deixam morto e feridos na Crimeia

Rodrigo Craveiro
postado em 10/08/2022 06:00
 (crédito: Twitter)
(crédito: Twitter)

Uma série de explosões sacudiu o aeródromo de Saki, uma base aérea situada na Crimeia (península anexada pela Rússia, em 2014), deixando ao menos um morto e ferindo nove pessoas. Sob condição de anonimato, um oficial ucraniano sugeriu ao jornal The New York Times tratar-se de um ataque realizado por Kiev. "Esta era uma base da qual aviões decolavam regularmente para ataques contra nossas forças, no teatro sul (de operações)", disse. Ele se recusou a revelar o tipo de arma utilizada no bombardeio, e apenas confirmou ser um dispositivo de fabricação ucraniana. Moscou, por sua vez, garantiu que as detonações foram acidentais. "Várias munições destinadas à aviação explodiram em um depósito localizado no território do aeródromo militar de Saki, perto da cidade de Novofiodorovka", informou o Ministério da Defesa russo, por meio de comunicado divulgado por agências de notícias russas.

Professor de política comparativa da Universidade Nacional de Kiev-Mohyla, Olexiy Haran disse ao Correio que as circunstâncias do incidente em Saky ainda são nebulosas. "Os russos afirmam que houve uma detonação no local, e não citam qualquer ataque das forças ucranianas. Por sua vez, as autoridades de Kiev se recusaram a fazer comentários. O que se sabe é que desse aeródromo partem caças russos que bombardeiam a Ucrânia. Eu diria que se trata de um alvo militar legítimo", comentou. 

Segundo ele, os moradores da Crimeia compreendiam, antes mesmo desse evento, que Saky representava uma ameaça para a segurança deles. "Considero importante o fato de que o humor dos cidadãos da Crimeia começa a mudar. Agora, entendem que um contra-ataque ucraniano poderá atingi-los. A guerra se concentrava mais em Donbass (leste), e a população da Crimeia experimentava uma vida pacífica. Isso não acontece mais", comentou. Haran não descarta que as explosões sejam parte de uma provocação da Rússia para acusar Kiev, aumentar as tensões e justificar a expansão dos bombardeios para todo o país. 

Peter Zalmayev, diretor da organização não-governamental Eurasia Democracy Initiative (em Kiev), classificou como "curioso" o incidente em Saky. "Primeiro, os jornais daqui informaram não haver confirmação, por parte das autoridades ucranianas, de que forças do país teriam sido responsáveis por isso. Agora, os jornais reproduziram uma reportagem do The New York Times, segundo a qual foguetes da Ucrânia teriam atingido o aeródromo. Isso seria embaraçoso para o presidente Vladimir Putin e poderia levar a uma escalada do conflito", admitiu à reportagem. "As respostas de Moscou costuma ser desagradáveis. Podemos esperar por mais bombardeios." 

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