Reino Unido

Brasiliense passa 14h na fila do funeral de Elizabeth II: "Experiência única"

Em entrevista ao Correio, a residente da Inglaterra contou que esperava encarar uma fila de 8 horas mas persistiu 6 horas a mais para deixar sua homenagem a Elizabeth II

Camilla Germano
postado em 17/09/2022 18:52
 (crédito: Arquivo Pessoal)
(crédito: Arquivo Pessoal)

A fila para prestar homenagens à rainha Elizabeth II chamou a atenção por todo o mundo por ter atraído moradores do Reino Unido e turistas. Na fila quilométrica, muitos aguardaram por horas na chuva, no sol, no frio, no calor, pela chance de ver o caixão da monarca de perto.

Foi o caso da brasiliense Alessandra Wassouf Cottrill, 48 anos, que mora na cidade de Kent, na Inglaterra, há seis anos. Amante de história e fascinada pela monarquia, ela decidiu ir até Londres, no Westminster Hall do Parlamento britânico, para se juntar às milhares de pessoas que já deixaram seu agradecimento à rainha.

Em entrevista ao Correio, Alessandra contou que decidiu ir sozinha até Westminster em agradecimento ao acolhimento que recebeu na Inglaterra. "O clima era de orgulho de estar ali honrando o reinado da rainha, prestando a última homenagem".

Ela conta que foi uma "experiência única", mas que esperava ficar no máximo oito horas na fila. "À medida que o tempo ia passando o incentivo e a vontade de ficar era maior", explicou. E assim, compartilhando experiências com outras pessoas que também aguardavam sozinhas a chance de ver a rainha mais longeva do mundo, Alessandra encarou a fila por 14 horas.

"Sempre fui fã da rainha pela própria história, podemos discordar em alguns pontos mas não podemos negar que um reinado de 70 anos não é para qualquer um. É o segundo reinado mais longo da história", contou. "Fiquei imaginando minha filha, que hoje está 26 anos assumindo um reinado, que loucura. Muito jovem para assumir tanto compromisso", afirmou fazendo referência à idade que Elizabeth subiu ao trono - 25 anos.

Ela brincou que se referia à Elizabeth II pelo apelido de "Betinha" e que tinha vontade de tomar um chá com ela. "Quanto assunto, quanta riqueza, acho que teríamos muita proza. Imagina eu na minha inocência. Então, como nunca na minha vida de plebeia pude realizar essa façanha, resolvi que seria a oportunidade de, porque não, tomar um chá com ela. Até levei a caneca", revelou.

  • Alessandra com pessoas que conheceu na fila — da esquerda para a direita: Simon, Alessandra, Nitin, Heena, Jan, Ellie e Lizzy (na frente) Arquivo Pessoal
  • Alessandra Wassouf Cottrill, 48, esperou 14 horas na fila para prestar homenagens à rainha Elizabeth II no Westminster Hall do Parlamento britânico Reprodução/BBC Live
  • Alessandra Wassouf Cottrill, 48, esperou 14 horas na fila para prestar homenagens à rainha Elizabeth II no Westminster Hall do Parlamento britânico Arquivo Pessoal
  • Alessandra Wassouf Cottrill, 48, esperou 14 horas na fila para prestar homenagens à rainha Elizabeth II no Westminster Hall do Parlamento britânico Arquivo Pessoal
  • Alessandra Wassouf Cottrill, 48, esperou 14 horas na fila para prestar homenagens à rainha Elizabeth II no Westminster Hall do Parlamento britânico Arquivo Pessoal

"Sistema de segurança rigorosíssimo"

Mas para quem acha que era apenas ficar na fila e seguir rumo ao parlamento está muito enganado. Para conseguir entrar, é preciso chegar a um ponto específico da fila para receber uma pulseira que dá acesso ao restante do percurso.

Durante o trajeto, banheiros públicos e acesso a compra de bebidas eram permitidos e os lugares na fila eram respeitados mesmo para aqueles que estavam sozinhos, mas o sistema de segurança era "rigorosíssimo", segundo a brasiliense. 

Após 14 horas, Alessandra chegou até o Parlamento e uma série de itens não eram permitidos: líquidos como garrafas d'água ou maquiagens, álcool em gel, objetos cortantes, chicletes, alimentos e balas. Todos também precisavam passar por uma máquina de raio-X, como nos aeroportos.

Limite para o tamanho das bolsas, retirada de casacos para entrar, tudo para garantir a segurança do espaço. "Ao entrar no Parlamento, silêncio absoluto e uma organização impecável. Entre reverências e preces as pessoas eram tomadas pelo momento de emoção e gratidão por prestar a última homenagem", narrou Alessandra.

Outro detalhe que pontuou sobre a importância da segurança eram as fotos no espaço. "Quando estava saindo um senhor tirou uma foto e um funcionário correu e perguntou 'porque o senhor tirou foto? Não sabe que não pode? O senhor pode apagar por favor?'". Ela conta que a pessoa precisou apagar as imagens, mas não acompanhou o restante.

No entanto, Alessandra avalia a experiência como única. "Muitas pessoas sozinhas, como foi meu caso, representando a família, por questões de trabalho do parceiro ou filhos, enfim, socializando e trocando experiências e visões sobre a monarquia e incentivando seguir até o fim", disse. "O clima era de orgulho de estar ali honrando o reinado da rainha", finalizou.

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