GUERRA NO LESTE EUROPEU

Ucrânia pede US$ 38 bilhões em ajuda financeira e Rússia bombardeia Bakhmut

O chefe de governo alemão, Olaf Scholz, disse que a reconstrução da Ucrânia será um "trabalho de gerações" que deveria começar imediatamente

Agence France-Presse
postado em 25/10/2022 18:14 / atualizado em 25/10/2022 18:14
 (crédito: DIMITAR DILKOFF / AFP)
(crédito: DIMITAR DILKOFF / AFP)

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu nesta terça-feira (25) ajuda financeira à comunidade internacional para cobrir um futuro déficit orçamentário de 38 bilhões de dólares causado pela invasão russa, enquanto os combates continuavam no sul e no leste do país, especialmente em Bakhmut.

Em discurso gravado em vídeo, Zelensky pediu aos participantes de uma conferência sobre a reconstrução da Ucrânia em Berlim que tomassem "uma decisão para eliminar o rombo no déficit orçamentário ucraniano" até 2023. "É uma quantia muito importante, de 38 bilhões de dólares, são os salários dos professores, dos médicos, benefícios sociais, aposentadorias."

O chefe de governo alemão, Olaf Scholz, disse que a reconstrução da Ucrânia será um "trabalho de gerações" que deveria começar imediatamente. "O que está em jogo é nada menos do que a criação de um novo Plano Marshall para o século XXI", afirmou.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que também compareceu à reunião, chamou de "desconcertante" o alcance da destruição. "O Banco Mundial estima que o custo dos danos será de 350 bilhões de euros, e isso é mais do que um país ou uma união pode fornecer por conta própria. Precisamos de todos."

Presidente alemão em Kiev 

A conferência em Berlim começou assim que o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, chegou a Kiev para a sua primeira visita à Ucrânia. Ele disse que estava "ansioso pelo encontro" com Zelensky e "com o povo do norte do país", para onde se dirigiu a fim de "ter uma ideia da vida em meio à guerra", segundo o texto enviado por seu porta-voz, Cerstin Gammelin.

A visita de Steinmeier, inicialmente planejada para uma semana atrás, foi cancelada por motivos de segurança. Desde 10 de outubro, a capital ucraniana tem sido alvo de mísseis e drones russos de fabricação iraniana, que visam principalmente a infraestruturas de energia e já causaram uma dezena de mortes.

A série de atentados levou a operadora nacional Ukrenerho a impor "restrições ao consumo de energia em todas as regiões".

Civis mortos em Bakhmut

No terreno, após oito meses de conflito, os combates continuam intensos, principalmente em Bakhmut, na província de Donetsk, leste da Ucrânia, que o Exército russo tenta conquistar. Sete civis morreram e três ficaram feridos na cidade ontem, publicou o governador provincial, Pavlo Kyrylenko, no Telegram. Também foram encontrados três corpos de civis em duas localidades da província, informou.

Nesta terça-feira, em um bairro residencial de Bakhmut, havia manchas de sangue no chão, após o que os moradores descreveram como um ataque letal ocorrido no dia anterior.

"Aqui encontrei um corpo sem cabeça. Estou em choque", contou Serhiy, 58 anos, que preferiu não informar seu sobrenome. "Era um homem. Ele estava apenas andando na rua", acrescentou.

Pela manhã, muita fumaça emanava da cidade. "Houve avanços à noite, mas não podemos dar detalhes no momento, a situação é complicada", contou à AFP um soldado ucraniano envolvido na defesa do município.

No sul da Ucrânia, autoridades pró-Rússia na cidade de Melitopol, controlada pelas forças de Moscou, anunciaram que um carro-bomba explodiu perto de escritórios de veículos de comunicação locais, ferindo seis pessoas. Kiev não confirmou nem negou a responsabilidade de suas forças na explosão.

Na província de Kherson, sul da Ucrânia, diante do avanço das forças de Kiev, os civis continuavam sendo retirados nesta terça-feira, segundo autoridades pró-Rússia. "Até 24 de outubro, 22.367 habitantes haviam sido transferidos para a margem esquerda do rio Dnieper", informou a administração de ocupação, acrescentando que prevê que "cerca de 50.000 pessoas" deixarão a região "em um futuro próximo".

 

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