Ucrânia

Rússia denuncia ataque na Crimeia e suspende exportações

O Ministério da Defesa do Reino Unido rejeitou as acusações, alegando que Moscou está apenas tentando "desviar a atenção de sua gestão desastrosa da invasão ilegal da Ucrânia ao espalhar alegações falsas de proporções épicas"

Correio Braziliense
postado em 30/10/2022 05:00
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

A Rússia foi acusada pelos Estados Unidos de utilizar alimentos como armas depois de denunciar um ataque contra seus navios, no Mar Negro. De acordo com Moscou, drones utilizados pela Ucrânia e pelo Reino Unido foram derrubados ao tentarem atingir navios na baía de Sebastopol, na Península da Crimeia, no Mar Negro. Como retaliação, a Rússia suspendeu a participação no acordo que permite a exportação de cereais dos ports ucranianos e apontou uma 'ação terrorista do governo de Kiev com participação de especialistas britânicos contra a frota do Mar Negro e contra navios civis que fornecem segurança aos corredores de grãos". 

O Ministério da Defesa do Reino Unido rejeitou as acusações, alegando que Moscou está apenas tentando "desviar a atenção de sua gestão desastrosa da invasão ilegal da Ucrânia ao espalhar alegações falsas de proporções épicas". De acordo com a agência de notícias France-Presse, o acordo entre Ucrânia e Rússia — firmado com a mediação da ONU e da Turquia — possibilitou escoar milhões de toneladas de grãos bloqueados nos portos ucranianos desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, em 24 de fevereiro. O bloqueio elevou os preços dos alimentos em todo o mundo e aumentou o medo da fome. 

"A Rússia está novamente tentando usar a guerra que começou como um pretexto para transformar os alimentos em armas, impactando diretamente as nações necessitadas e os preços mundiais dos alimentos, e exacerbando as crises humanitárias e a insegurança alimentar, que já são graves", disse a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Adrienne Watson, em um comunicado.

Peter Zalmayev, diretor da ONG Eurasia Democracy Initiative (em Kiev), explicou ao Correio que quaisquer alvos na Crimeia são muito simbólicos para o presidente Vladimir Putin. "Ele tem transmitido a mensagem de que captura territórios que, historicamente, fariam parte da Rússia. Se Kiev estiver por trás desses ataques, isso mostra que os ucranianos têm capacidade de golpear dentro da Rússia."

Segundo Zalmayev, três navios russos teriam sido danificados nos supostos bombardeios. "Alguns deles podem ter transportado mísseis hipersônicos, que têm sido usado contra a população civil da Ucrânia. Essas embarcações eram alvos militares", comentou. Ele acrescentou que o governo de Volodymyr Zelensky aguarda um aceno da Turquia sobre a exportação de grãos. "O acordo foi firmado entre Rússia, Turquia e ONU, Oficialmente, a Ucrânia não faz parte desse pacto. Será interessante observar os desdobramentos disso."

Professor de política comparativa da Unversidade Nacional de Kiev-Mohyla, Olexiy Hara lembrou que foi a Rússia quem começou a guerra e bloqueou os portos ucranianos, impedindo a exportação de grãos. "A Crimeia é uma base militar usada contra a Ucrânia. É de lá que partem os bombardeios russos contra civis em Kiev. Por isso, a frota ucraniana é um alvo legítimo", admitiu. 

 

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