Uma operação militar israelense em Nablus, na Cisjordânia, deixou ao menos 10 mortos — entre eles um adolescente de 16 anos — e mais de 80 feridos a tiros, de acordo com a Autoridade Palestina. Foi a incursão mais sangrenta na Cisjordânia desde pelo menos 2005, com um balanço semelhante ao de 26 de janeiro em Jenin, também no norte da Cisjordânia, onde 10 palestinos foram mortos.
Procurado pela agência de notícias France Presse (AFP), o Exército israelense não se pronunciou sobre o número de vítimas ou motivações da operação, limitando-se a dizer que "não tem qualquer informação para divulgar". Por volta das 10h30 (5h30 de Brasília), a força alertou sobre a ofensiva em Nablus, sem detalhes. Os soldados deixaram a cidade quase três horas depois.
Além do adolescente, morreram nove homens com idades entre 23 e 72 anos, anunciou o Ministério da Saúde palestino. A Jihad Islâmica divulgou que um de seus comandantes locais de seu braço militar está entre os mortos. Os funerais palestinos foram realizados à tarde.
Houve embates entre israelenses e palestinos no centro de Nablus. Soldados lançaram bombas de gás lacrimogêneo na direção de um grupo de jovens que atiravam pedras contra os veículos militares e queimavam pneus, relataram jornalistas da AFP. De acordo com a Palestine TV, o repórter Mohammed Al Khatib, que trabalha para a emissora, foi ferido no ataque.
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Escalada
Nos últimos meses, as tropas de Israel aumentaram suas operações — apresentadas como "antiterroristas" — para procurar "suspeitos" no norte da Cisjordânia. Essas investidas acontecem, em particular, em Jenin e Nablus, redutos de grupos armados. A última grande diligência à cidade havia ocorrido em outubro do ano passado.
Desde o início do ano, após Benjamin Netanyahu reassumir como primeiro-ministro israelense, há uma escalada da violência na Cisjordânia, território palestino ocupado desde 1967 por Israel. Após o ataque a Jenin, no fim de janeiro, foram registrados tiroteios entre grupos armados na Faixa de Gaza e o Exército israelense, além de um ataque em Jerusalém Oriental.
"Impedir mais violência é uma prioridade urgente", ressaltou Tor Wennesland, mediador das Nações Unidas para o Oriente Médio. O secretário-geral da organização, António Guterres, exigiu o fim das construções israelenses nos territórios palestinos ocupados. "Toda atividade de assentamento é ilegal sob a lei internacional. Deve parar. Cada novo assentamento é mais um obstáculo no caminho para a paz", disse ele ao Comitê da ONU para o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino.
Para Guterres, a situação "no território palestino ocupado é a mais explosiva em anos" em um contexto de um "processo de paz" israelense-palestino "bloqueado".
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