Senadora queniana é expulsa de sessão por estar com roupa manchada de menstruação

Parlamentar usou o momento como forma de protestar contra a pobreza menstrual no país. Relatório da Unesco aponta que uma em cada 10 alunas na África falta aula devido à menstruação

Thays Martins

postado em 24/02/2023 10:46 / atualizado em 24/02/2023 10:47

(crédito: Twitter/ reprodução)

A senadora queniana Glória Orwoba foi expulsa do parlamento por estar com a roupa manchada de sangue menstrual. O caso aconteceu na semana passada. Ela usou a oportunidade para protestar contra a pobreza menstrual no país. Um dia depois, ela apresentou um projeto de lei para o fornecimento de absorventes gratuitos para as mulheres do Quênia.

De acordo com a Africanews, os senadores expulsaram a parlamentar da sessão com base no código de vestimenta. Glória Orwoba usava um terninho branco. Ela protestou e disse  que a "câmara caiu em desgraça porque uma mulher menstruou".

“Menstruar nunca é crime… Senadora Gloria, eu me solidarizo com você que está passando pelo ato natural da menstruação, manchou seu terno maravilhoso, peço que saia para que vá se trocar e volte com roupas que não estão manchados”, disse o porta-voz Amason Kingi.

Aos jornalistas, Glória Orwoba relatou que foi expulsa por ter menstruado. “infelizmente fui expulsa porque estou menstruada e não devemos mostrar nossa menstruação quando estamos menstruadas e esse é o tipo de estigma menstrual que meninas e mulheres estão tendo lá fora…”

Um relatório da Unesco estima que uma em cada 10 alunas na África subsaariana falta às aulas durante a menstruação por falta de absorventes. 

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"Estou tentando pressionar para que legislamos o fornecimento de absorventes higiênicos gratuitos... Meu projeto de lei pretende ter uma lei permanente sobre o fornecimento de absorventes higiênicos para todas as crianças em idade escolar e nas prisões", disse a parlamentar.

Em entrevista à Saturday Magazine, a senadora contou o que aconteceu. “Ao sair do carro naquela tarde, não havia notado meu terno manchado. Uma equipe do Senado, suponho, correu até mim, me abraçou por trás e implorou para que eu voltasse para o carro", lembra. "Eu disse a mim mesma que poderia voltar para casa, mas sendo uma defensora da higiene menstrual, poderia continuar com meus negócios. Você sabe, siga o que fala. Entrei", conta. Foi então que, dentro do parlamento, ela foi convidada a se retirar devido a mancha na roupa. 

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