AFEGANISTÃO

Universidades retomam as aulas no Afeganistão; veto às mulheres persiste

A discriminação das mulheres no Afeganistão foi criticada ao redor do planeta, inclusive em países muçulmanos

Agence France-Presse
postado em 06/03/2023 08:39 / atualizado em 06/03/2023 08:39
 (crédito: Hector RETAMAL/AFP)
(crédito: Hector RETAMAL/AFP)

As universidades do Afeganistão retomaram as aulas nesta segunda-feira (6/3), após o recesso de inverno (hemisfério norte, verão no Brasil), mas apenas os homens retornaram às salas, porque as alunas permanecem vetadas dos centros de ensino superior pelo governo Talibã, que marginaliza as mulheres.

A proibição de frequentar a universidade é uma de várias restrições impostas às mulheres pelo Talibã desde que o movimento fundamentalista retornou ao poder, em agosto de 2021.

A discriminação das mulheres no Afeganistão foi criticada ao redor do planeta, inclusive em países muçulmanos.

"É de partir o coração ver os homens seguindo para a universidade, enquanto nós temos que ficar em casa", lamentou Rahela, 22 anos, moradora da província central de Ghor.

"Isto é discriminação de gênero contra as mulheres porque o Islã nos permite buscar o ensino superior. Ninguém deve nos impedir de aprender", acrescentou.

O governo Talibã impôs a proibição depois de acusar as alunas de ignorar o rígido código de vestimenta para as mulheres e a exigência de serem acompanhadas por um parente do sexo masculino na ida e na volta do campus.

Antes do veto, a maioria das universidades já havia adotado entradas e salas de aula segregadas por gênero. E as mulheres só tinham aulas com professoras ou homens idosos.

"É doloroso observar que milhares de garotas estão privadas do acesso à educação", declarou Mohamad Haseeb Habibzadah, estudante de Ciência da Computação na Universidade de Herat.

Em Cabul, Ejatullah Nejati, estudante de Engenharia", disse que as mulheres têm o direito fundamental ao ensino. "Mesmo que frequentem as aulas em dias separados, isto não é um problema. Elas têm direito à educação", afirmou Nejati ao chegar ao campus.

Medo do governo 

Waheeda Durrani, que antes da proibição estudava Jornalismo em Herat, afirmou que o governo Talibã deseja que as jovens continuem sem receber educação.

"Se as meninas e mulheres afegãs receberem educação, elas nunca aceitarão um governo que explora o Islã e o Alcorão", disse. "Elas defenderão seus direitos. Esse é o medo do governo".

Vários líderes talibãs afirmaram que a proibição às mulheres é temporária, mas também não autorizaram o retorno das jovens às escolas do Ensino Médio, fechadas há mais de um ano.

O governo apresentou várias alegações para o fechamento dos centros de ensino, que vão da falta de recursos até a necessidade de tempo para ajustar o currículo aos ensinamentos islâmicos.

A realidade, de acordo com algumas fontes do Talibã, é que os clérigos ultraconservadores que aconselham o líder supremo do Afeganistão, Hibatullah Akhundzada, são profundamente céticos a respeito da educação moderna para as mulheres.

Desde que retornou ao poder, o Talibã excluiu as mulheres da vida pública. Elas foram afastadas de muitos empregos públicos e muitas são relegadas a permanecer em casa, recebendo uma fração de seu salário.

Também são vetadas de frequentar parques, feiras, academias e banheiros públicos. E devem cobrir todo o corpo em público. Grupos de defesa dos direitos humanos criticaram as restrições e a ONU denunciou um "apartheid de gênero".

A comunidade internacional insiste que o direito de educação das mulheres deve fazer parte das negociações sobre a ajuda ao país e o reconhecimento do regime Talibã. Até o momento nenhum país reconheceu o governo Talibã.

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