Argentina

Polícia argentina trata morte de brasileira como feminicídio, diz advogado

O Itamaraty acompanha a investigação sobre o caso da brasileira que morreu após cair do sexto andar de um prédio em Buenos Aires. Um empresário foi preso

Camilla Germano
Aline Gouveia
postado em 04/04/2023 20:53
 (crédito: Reprodução/Instagram/@_milyrodriguess)
(crédito: Reprodução/Instagram/@_milyrodriguess)

As causas da morte da brasileira Emmily Rodrigues, 26 anos, ainda não estão esclarecidas e seguem sob investigação. A jovem morreu após cair do sexto andar de um prédio de Buenos Aires, na Argentina, no dia 30 de março. O proprietário do prédio, identificado como Francisco Saenz Valiente, foi preso e está sendo investigado. A polícia tenta descobrir se Emilly caiu por acidente ou foi jogada de forma intencional.

O corpo da jovem foi encontrado sem roupa no térreo do edifício. Ao g1, o advogado Ignacio Trimarco, que acompanha a família de Emmily, disse que uma das hipóteses da polícia argentina é que o caso se trata de um feminicídio. Segundo a agência de notícias argentina Télam, Emmily tinha ido a uma festa com quatro pessoas no apartamento do empresário, a convite de uma amiga, identificada como Juliana Magalhães Mourão.

Um investigador disse à Télam que foram encontrados ferimentos nas mãos dessa amiga que convidou Emmily para a festa, o que pode indicar que houve alguma briga no local. "São sinais de briga. Em princípio, o dono da casa não tinha ferimentos, mas também foi solicitada uma perícia para apurar se ele também teve ferimentos em consequência de alguma luta", disse a autoridade policial. Os vizinhos relataram terem ouvido gritos e acionaram as autoridades policiais. Em depoimento, Valiente afirma que a brasileira tinha ingerido bebida alcoólica e tentou suicídio.

Entretanto, as amigas de Emmily contestam a versão do empresário. Um perfil intitulado 'Justiça por Emmily' foi criado no Instagram com o intuito de rebater as afirmações feitas por Valiente. Ao Correio, a gestora empresarial Joicy Cláudia, que conheceu a brasileira em 2019, disse que Emmily não tinha o costume de beber muito e não havia nenhum sinal de que ela poderia ter tirado a própria vida.

Emmily Rodrigues e a amiga Joicy Claudia
Emmily Rodrigues e a amiga Joicy Claudia (foto: Arquivo Pessoal)

"Emily era uma menina maravilhosa, cheia de sonhos, super calma, tinha uma voz doce. Ela bebia bem pouco . Ela amava viver, sempre vaidosa, cuidando da saúde, da beleza dela, sempre na moda, se preocupava muito com as amigas. Estamos sem acreditar nisso que aconteceu, a ficha está custando cair. Como uma pessoa que amava se cuidar, estava feliz, não tinha problemas psicológicos, ia tirar a própria vida?", questiona Joicy.

Sonho de abrir um salão

A baiana Emmily Rodrigues tinha se mudado para a Argentina em 2018 para estudar medicina. Ela sonhava em trabalhar com estética e dermatologia, por isso deixou o curso de direito em Salvador. "Por acaso, ela acabou conhecendo um rapaz ainda na Bahia e foi para lá morar com ele, mas o relacionamento não seguiu adiante . No entanto, ela continuou seguindo a vida, os pais ajudavam ela no início com despesas, mas Emily sempre gostou de ter suas coisas, fez curso de estética, chegou a trabalhar na área, trabalhou em agência de turismo também, era influencer", conta a amiga Joicy.

Itamaraty acompanha caso

O Ministério das Relações Exteriores acompanha a investigação sobre a morte da brasileira em Buenos Aires. Em nota enviada ao Correio, o Itamaraty diz que está prestando assistência e também está em contato com as autoridades locais.

Confira a nota do Itamaraty na íntegra:

O Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Buenos Aires, tem conhecimento do caso e está em contato com as autoridades locais com vistas a apurar as circunstâncias do falecimento da nacional. O Consulado presta assistência consular aos familiares da nacional brasileira.

Em caso de falecimento de cidadão brasileiro no exterior, os consulados brasileiros poderão prestar orientações gerais aos familiares, apoiar seus contatos com autoridades locais e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito.

Em observância ao direito à privacidade e ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012, informações detalhadas poderão ser repassadas somente mediante autorização dos familiares diretos. Assim, o MRE não poderá fornecer dados específicos sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros.

O Correio tentou com o advogado Ignacio Trimarco e com Juliana Magalhães Mourão, mas ainda não obteve retorno. O jornal também não conseguiu localizar a defesa do empresário Francisco Saenz Valiente.

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