Ucrânia

Rússia transfere armas nucleares para território de Belarus

O presidente de Belarus disse que Putin lhe comunicou que havia assinado o decreto para o envio de ogivas nucleares, mas não detalhou se os projéteis estariam no território do país vizinho

Correio Braziliense
postado em 26/05/2023 05:00
 (crédito: Ilya Pitalev/Sputnik/AFP)
(crédito: Ilya Pitalev/Sputnik/AFP)

O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, confirmou que o colega russo, Vladimir Putin, iniciou a transferência de armas nucleares para seu país. A decisão preocupa a oposição em Minsk, capital bielorrussa, que vê uma clara ameaça "para a Ucrânia e para toda a Europa". O anúncio de Lukashenko foi feito à margem de uma cúpula regional em Moscou. Ele disse que Putin lhe comunicou que havia assinado o decreto para o envio de ogivas nucleares, mas não detalhou se os projéteis estariam no território do país vizinho.

"A transferência de armas nucleares começou", afirmou Lukashenko em resposta a um jornalista, em um vídeo do canal oficial da Presidência bielorrussa no Telegram. Em março, Moscou anunciou que posicionaria armas nucleares "táticas" em Belarus, o que alimentou o temor de uma escalada no conflito na Ucrânia e mereceu críticas da comunidade internacional, sobretudo dos países ocidentais. "Isto não apenas coloca em perigo a vida dos bielorrussos, mas também cria uma ameaça para a Ucrânia e para toda a Europa", tuitou, ontem, a opositora bielorrussa no exílio, Svetlana Tikhanovskaya.

O anúncio coincide com o início da transferência de posições do grupo paramilitar Wagner para o Exército russo, na cidade ucraniana de Bakhmut (leste), devastada pelos bombardeios de Moscou e pelos combates violentos com as tropas de Kiev, nos últimos meses. A milícia privada, formada por mercenários e prisioneiros, afirma ter conquistado Bakhmut.

A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar, confirmou que as tropas do Grupo Wagner cederam as posições aos soldados russos "na periferia de Bakhmut", mas reiterou que os ucranianos estão na localidade. Ela assegurou que os soldados ucranianos ainda controlam um subúrbio a sudoeste de Bakhmut.

Dificuldades

O líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, admitiu, na quarta-feira, que quase 10 mil dos 50 mil detentos recrutados nas penitenciárias russas morreram na Ucrânia, onde estavam na linha de frente da batalha por Bakhmut.

Essa transferência ocorre em um momento no qual o Exército russo está em dificuldade nos flancos de Bakhmut. Segundo Kiev, as tropas russas perderam 20 km² somados ao norte e ao sul da cidade devastada no leste da Ucrânia.

Além disso, combatentes procedentes da Ucrânia entraram na segunda-feira e na terça-feira na província russa fronteiriça de Belgorod, evidenciando mais uma vez as dificuldades das forças russas. A operação foi reivindicada por dois grupos russos que lutam ao lado dos ucranianos, cujos líderes foram identificados como figuras da nebulosa extrema direita russa.

Essas manobras e reivindicações enquadram-se nas conjecturas sobre uma iminente contraofensiva ucraniana para recuperar os territórios tomados pelas tropas russas desde o início do conflito, em fevereiro de 2022.

A Ucrânia espera continuar com o avanço pelos flancos de Bakhmut com o objetivo de estabelecer um "cerco tático" da cidade. "O inimigo tenta impedir nosso avanço nos flancos com disparos de artilharia. Está reforçando os flancos com mais unidades", afirmou Maliar.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de seguir "aterrorizando" o seu país e disse que o Exército ucraniano derrubou 36 drones russos em ataques realizados durante a noite de quarta-feira e ontem. Por sua vez, as autoridades pró-Moscou da Península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, afirmaram que derrubaram seis drones ucranianos na madrugada.


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