Durou três horas e transcorreu com sucesso a cirurgia realizada no papa Francisco, ontem, no hospital Policlinico Gemelli, em Roma. O pontífice argentino Jorge Mario Bergoglio, 86 anos, deverá ficar vários dias internado após a correção de uma hérnia abdominal. "O Santo Padre, que está acordado e alerta, brincou e caçoou de mim. (...) Nenhuma outra patologia foi encontrada", declarou Sergio Alfieri, cirurgião responsável pela intervenção e diretor do Departamento de Ciências Médicas e Cirúrgicas Abdominais e Endócrinas Metabólicas do Policlinico Gemelli. O médico negou que o procedimento teve que ser feito às pressas. "Se fosse uma emergência, teríamos feito ontem, quando ele veio ao hospital para uma tomografia computadorizada previamente agendada", comentou.
A hérnia abdominal, também conhecida como laparocele, causava dores frequentes em Francisco, o que levou Alfieri e sua equipe a decidirem pela cirurgia. De acordo com Matteo Bruni, porta-voz do Vaticano, o líder católico celebrou normalmente a tradicional audiência geral das quartas-feiras, saudou os fiéis a bordo do "papamóvel", na Praça de São Pedro, e deu entrada no Gemelli, onde foi "submetido a uma laparotomia e a uma cirurgia plástica da parede abdominal com colocação de prótese e mediante anestesia geral".
Bruni acrescentou que a laparocele encarcerada causava síndromes suboclusivas recorrentes, dolorosas e agravadas. "A permanência no hospital durará vários dias para permitir o curso normal do pós-operatório e a recuperação funcional completa", anunciou. Todas as audiências de Francisco foram suspensas pelo prazo inicial de dez dias.
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Chefe de cirurgia retal e de cólon da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale, Walter Longo explicou ao Correio que a razão para a condição de saúde de Francisco e para a necessidade da intervenção está em uma operação de diverticulite realizada dois anos atrás. "Naquela época, ele desenvolveu uma hérnia na parede abdominal. O intestino foi obstruído e encarcerado. Caso, isso não fosse corrigido, o intestino dele poderia 'morrer' e desenvolver uma gangrena", afirmou.
Saúde frágil
O cardeal Petro Parolin, número dois da Santa Sé, assegurou que o ocupante do Trono de Pedro imediatamente retomará o seu ministério, "mesmo que seja de uma cama de hospital". "Em casos urgentes, será levado para o hospital", declarou. Nos últimos anos, Francisco apresentou evidências de estar com a saúde fragilizada. Segundo a agência de notícias France-Presse, em julho de 2021, ele ficou quase 10 dias internado no mesmo hospital depois de ter retirada parte do cólon. O próprio papa admitiu ter sofrido "sequelas" da anestesia na ocasião.
Há menos de três meses, ele tornou a ser hospitalizado para combater uma infecção respiratória com o uso de antibióticos. Em 10 de março passado, Francisco admitiu uma eventual renúncia, se ficar "cansado demais" ou se ficar incapacitado de exercer o cargo. Bergoglio também sofre dores crônicas no joelho direito, resultado de uma artrose que exige o uso de uma cadeira de rodas ou de uma bengala em seus deslocamentos.
Biógrafo dos papas Paulo VI e João Paulo II, o vaticanista italiano Marco Politi lembrou ao Correio que, na época de sua eleição, em março de 2013, Francisco escreveu uma carta de renúncia para o caso de uma "pior situação". "Ele ainda está convencido a renunciar, caso não se sinta em condições de dirigir a Igreja Católica", reiterou, por e-mail. "Mas, creio que Francisco continuará a trabalhar com todas as suas forças até a reunião final do Sínodo Mundial sobre a Missão da Igreja, no fim de 2024!"
Por enquanto, a agenda de viagens apostólicas segue inalterada. No começo de agosto, Francisco visitará Lisboa, onde celebrará as Jornadas Mundiais da Juventude. Em setembro, ele deverá desembarcar na Mongólia e em Marselha, cidade situada no sul da França.
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