Vaticano

Papa Francisco se recupera de cirurgia de hérnia abdominal

Depois de sentir dores, Francisco foi submetido a uma intervenção cirúrgica de três horas na parede abdominal para a colocação de prótese e mediante anestesia geral. Médico afirma que procedimento foi um sucesso

Rodrigo Craveiro
postado em 08/06/2023 06:01
Francisco acena para fiéis ao fim da tradicional audiência geral, na Praça de São Pedro, pouco antes de dar entrada no hospital Gemelli        -  (crédito: Andreas Solaro/AFP)
Francisco acena para fiéis ao fim da tradicional audiência geral, na Praça de São Pedro, pouco antes de dar entrada no hospital Gemelli - (crédito: Andreas Solaro/AFP)

Durou três horas e transcorreu com sucesso a cirurgia realizada no papa Francisco, ontem, no hospital  Policlinico Gemelli, em Roma. O pontífice argentino Jorge Mario Bergoglio, 86 anos, deverá ficar vários dias internado após a correção de uma hérnia abdominal. "O Santo Padre, que está acordado e alerta, brincou e caçoou de mim. (...) Nenhuma outra patologia foi encontrada", declarou Sergio Alfieri, cirurgião responsável pela intervenção e diretor do Departamento de Ciências Médicas e Cirúrgicas Abdominais e Endócrinas Metabólicas do Policlinico Gemelli. O médico negou que o procedimento teve que ser feito às pressas. "Se fosse uma emergência, teríamos feito ontem, quando ele veio ao hospital para uma tomografia computadorizada previamente agendada", comentou. 

"O Santo Padre, que está acordado e alerta, brincou e caçoou de mim" (Sergio Alfieri, cirurgião do hospital Policlinico Gemelli)
"O Santo Padre, que está acordado e alerta, brincou e caçoou de mim" (Sergio Alfieri, cirurgião do hospital Policlinico Gemelli) (foto: Tiziana Fabi/AFP)

 

A hérnia abdominal, também conhecida como laparocele, causava dores frequentes em Francisco, o que levou Alfieri e sua equipe a decidirem pela cirurgia. De acordo com Matteo Bruni, porta-voz do Vaticano, o líder católico celebrou normalmente a tradicional audiência geral das quartas-feiras, saudou os fiéis a bordo do "papamóvel", na Praça de São Pedro, e deu entrada no Gemelli, onde foi "submetido a uma laparotomia e a uma cirurgia plástica da parede abdominal com colocação de prótese e mediante anestesia geral".

Bruni acrescentou que a laparocele encarcerada causava síndromes suboclusivas recorrentes, dolorosas e agravadas. "A permanência no hospital durará vários dias para permitir o curso normal do pós-operatório e a recuperação funcional completa", anunciou. Todas as audiências de Francisco foram suspensas pelo prazo inicial de dez dias. 

Chefe de cirurgia retal e de cólon da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale, Walter Longo explicou ao Correio que a razão para a condição de saúde de Francisco e para a necessidade da intervenção está em uma operação de diverticulite realizada dois anos atrás. "Naquela época, ele desenvolveu uma hérnia na parede abdominal. O intestino foi obstruído e encarcerado. Caso, isso não fosse corrigido, o intestino dele poderia 'morrer' e desenvolver uma gangrena", afirmou. 

Saúde frágil

O cardeal Petro Parolin, número dois da Santa Sé, assegurou que o ocupante do Trono de Pedro imediatamente retomará o seu ministério, "mesmo que seja de uma cama de hospital". "Em casos urgentes, será levado para o hospital", declarou. Nos últimos anos, Francisco apresentou evidências de estar com a saúde fragilizada. Segundo a agência de notícias France-Presse, em julho de 2021, ele ficou quase 10 dias internado no mesmo hospital depois de ter retirada parte do cólon. O próprio papa admitiu ter sofrido "sequelas" da anestesia na ocasião.

Há menos de três meses, ele tornou a ser hospitalizado para combater uma infecção respiratória com o uso de antibióticos. Em 10 de março passado, Francisco admitiu uma eventual renúncia, se ficar "cansado demais" ou se ficar incapacitado de exercer o cargo. Bergoglio também sofre dores crônicas no joelho direito, resultado de uma artrose que exige o uso de uma cadeira de rodas ou de uma bengala em seus deslocamentos.

Biógrafo dos papas Paulo VI e João Paulo II, o vaticanista italiano Marco Politi lembrou ao Correio que, na época de sua eleição, em março de 2013, Francisco escreveu uma carta de renúncia para o caso de uma "pior situação". "Ele ainda está convencido a renunciar, caso não se sinta em condições de dirigir a Igreja Católica", reiterou, por e-mail. "Mas, creio que Francisco continuará a trabalhar com todas as suas forças até a reunião final do Sínodo Mundial sobre a Missão da Igreja, no fim de 2024!"

Por enquanto, a agenda de viagens apostólicas segue inalterada. No começo de agosto, Francisco visitará Lisboa, onde celebrará as Jornadas Mundiais da Juventude. Em setembro, ele deverá desembarcar na Mongólia e em Marselha, cidade situada no sul da França.

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