Nova York

‘Não temos mais espaço’: o apelo do prefeito de Nova York para imigrantes buscarem outra cidade

As autoridades de Nova York planejam distribuir panfletos alertando os imigrantes de que "não há garantia" de que receberão ajuda se chegarem à cidade

BBC
Madeline Halpert - BBC News
postado em 21/07/2023 00:00 / atualizado em 21/07/2023 00:00
Milhares de imigrantes procuram processar seus documentos em Nova York -  (crédito: Getty Images)
Milhares de imigrantes procuram processar seus documentos em Nova York - (crédito: Getty Images)

As autoridades de Nova York planejam distribuir panfletos alertando os imigrantes de que "não há garantia" de que receberão ajuda se chegarem à cidade.

O prefeito de Nova York, Eric Adams, anunciou o plano, dizendo que a cidade recebeu 90 mil imigrantes desde abril do ano passado.

"Não temos mais espaço", disse o prefeito da maior cidade dos Estados Unidos, com 8,3 milhões de habitantes.

"Por favor, considere outra cidade ao tomar sua decisão sobre onde se estabelecer nos Estados Unidos ", diz uma cópia do panfleto.

Em inglês e espanhol, o documento adverte que os custos de alimentação, transporte e outras necessidades em Nova York são altos e que a cidade não pode garantir moradia e outros serviços sociais para os recém-chegados.

Como parte do plano, o prefeito democrata também afirmou que adultos solteiros poderão ficar em abrigos da cidade por 60 dias. Eles então precisarão se inscrever novamente para uma vaga.

Adams disse que a cidade tentará ajudar os imigrantes a encontrar moradia com familiares e amigos.

A cidade deve abrir em breve um abrigo para 2 mil imigrantes, o maior já instalado em Nova York.

O prefeito responsabilizou os governos federal e estadual por não fornecerem recursos suficientes para que a cidade ofereça serviços sociais aos recém-chegados.

"Não podemos continuar absorvendo dezenas de milhares de recém-chegados sozinhos, sem a ajuda do governo estadual e federal ", disse ele.

Um recorde de 105.800 pessoas estão vivendo em abrigos em Nova York no momento, incluindo mais de 54 mil requerentes de asilo.

Os detratores do plano

Os críticos do novo plano argumentam que ele viola as regras de direito à moradia da cidade, que garantem residência temporária para quem precisa.

Eles dizem que Adams está tentando enfraquecer essas regras para lidar com o fluxo de imigrantes.

Em uma declaração no Twitter, a American Civil Liberties Union de Nova York chamou o novo plano do prefeito de "cruel" e "ilegal".

"Isso vai contra os valores de compaixão e cuidado dos nova-iorquinos ", disse a organização.

Nos últimos meses, Adams tomou uma série de medidas para limitar a chegada de novos imigrantes.

Em maio, ele anunciou que enviaria imigrantes para condados próximos fora da cidade, provocando uma reação furiosa de algumas autoridades de Nova York.

O prefeito de Nova York, Eric Adams, diz que a cidade não teve apoio suficiente do governo estadual ou federal
Getty Images
O prefeito de Nova York, Eric Adams, diz que a cidade não teve apoio suficiente do governo estadual ou federal

Pare os imigrantes

Os governadores republicanos dos Estados do sul dos EUA enviaram imigrantes de ônibus para jurisdições administradas pelos democratas, especialmente para as chamadas "cidades santuário", que limitam a cooperação com as autoridades federais de imigração e protegem os direitos dos indocumentados.

Os líderes republicanos dizem que essa estratégia visa aumentar a pressão sobre o governo do presidente Joe Biden para que faça mais para impedir a passagem de migrantes pela fronteira sul do país.

Os republicanos culpam o governo Biden por permitir que os Estados Unidos, no ano passado, alcançassem o maior aumento nos fluxos de migração irregular através da fronteira com o México nas últimas duas décadas.

Entre o final de 2022 e o início deste ano, Biden ordenou o bloqueio da entrada irregular pela fronteira sul de venezuelanos, cubanos, haitianos e nicaraguenses e estabeleceu cotas anuais de vistos para imigrantes que processam legalmente sua entrada nos Estados Unidos.

Para fazer isso, o imigrante precisa de um patrocinador financeiro que esteja nos Estados Unidos e ter uma verificação de antecedentes.

A pessoa também deve passar por uma investigação de segurança, provar que foi vacinada contra a covid e cumprir outros requisitos de saúde para morar e trabalhar no país por dois anos.