A vitória de Lai Ching-te como novo presidente de Taiwan, que obteve 40,05% dos votos válidos (5.586.019 votos), deixou as autoridades chinesas em alerta numa eleição definida de escolha entre "guerra e paz". O atual vice-presidente promete defender a identidade e a autonomia taiwanesa, contra a reunificação com a China. Em maio, ele assume o governo e planeja manter o fortalecimento militar diante das crescentes ameaças de Pequim de recorrer à força. Mas também se disse aberto ao diálogo.
- Israel-Hamas: Guerra se expande da Faixa de Gaza para o Iêmen
- O que aconteceu nos países da América Latina que militarizaram combate ao narcotráfico como o Equador
Ching-te no poder em Taiwan virou tema na imprensa internacional, como os jornais Le Monde, Financial Times e El País, uma vez que a China avisou que não vai abdicar do território, abrindo espaço para um ambiente de tensão. De acordo com o jornal New York Times, o governo chinês avisou que o presidente eleito pode levar Taiwan "para um caminho sem volta".
Apesar de amenizar o discurso nos últimos meses, Lai Ching-te causou preocupações em Pequim, que o definiu como uma "fonte de perigo e guerra" no estreito de Taiwan. Pouco depois do anúncio dos resultados das eleições, o governo chinês reafirmou que a "reunificação é inevitável".
"Estamos determinados a proteger Taiwan das intimidações e ameaças contínuas da China", disse Lai Ching-te em seu discurso de vitória. Ele se comprometeu a manter a paz e a estabilidade na região. China e Taiwan estão separados de fato desde 1949, quando as tropas comunistas derrotaram os nacionalistas na guerra civil, refugiando-se na ilha, onde estabeleceram um regime que se transformou em uma democracia em 1990.
Durante a campanha, o presidente eleito reforçou sua posição de que Taiwan "já é independente" e que não precisa de uma declaração formal de separação. Também se mostrou aberto à comunicação com Pequim, mas sob condições de paridade e dignidade e alertou que não pretende sacrificar a soberania da ilha para estreitar laços por questões econômicas. "A paz sem soberania (...) é uma falsa paz", frisou recentemente.
Apesar de não reconhecerem Taiwan como Estado e considerarem a República Popular da China o único governo legítimo, os Estados Unidos fornecem à ilha ajuda militar. Ainda ontem os norte-americanos parabenizaram Lai Ching-te pela vitória na corrida eleitoral. "Não apoiamos a independência", declarou o presidente Joe Biden à imprensa, após o anúncio do resultado.
Pouco depois, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, parabenizou Lai Ching-te e a população de Taiwan. "Os Estados Unidos felicitam o dr. Lai Ching-te por sua vitória na eleição presidencial de Taiwan. Também felicitamos o povo de Taiwan por demonstrar, mais uma vez, a força de seu robusto sistema democrático e de seu processo eleitoral", afirmou Blinken.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br