Pela segunda vez em menos de um mês, a África do Sul solicitou à Corte Internacional de Justiça (CIJ), com sede em Haia, na Holanda, a imposição de novas medidas de emergência contra Israel pelo que descreveu como uma “fome generalizada” resultante da ofensiva em Gaza. O primeiro pedido foi rechaçado. Na justificativa, Pretória destacou que estava “obrigada a voltar à Corte pelos novos acontecimentos e mudanças na situação”, no enclave palestino.
O governo sul-africano acrescentou que a solicitação poderia ser “a última oportunidade que este Tribunal terá para salvar o povo palestino em Gaza que já está morrendo de inanição e que, agora, está ‘a um passo’ da fome”, numa referência ao alerta do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, na sigla em inglês).
As Nações Unidas estimam que 2,2 milhões dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza estejam à beira da fome, especialmente no norte do território, onde as forças israelenses bloqueiam a entrada de auxílio. Na semana passada, mais de 100 palestinos morreram durante a entrega de ajuda humanitária na Cidade de Gaza, numa tragédia ainda sob investigação. Testemunhas afirmam que soldados israelenses dispararam indiscriminadamente contra a multidão desesperada, o que Israel nega.
Em uma decisão de meados de janeiro, a CIJ ordenou ao governo do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, que impedisse qualquer ato de genocídio em Gaza e permitisse a entrada de suprimentos em território palestino. Eram “medidas provisórias”, ou seja, de emergência, que Israel deveria tomar enquanto o tribunal avaliava a questão mais ampla de se estava cometendo genocídio em Gaza, o que poderia levar anos.
Menos de um mês depois, o tribunal rejeitou a primeira intervenção da África do Sul, que buscava pressionar legalmente Israel para não lançar uma ofensiva terrestre contra Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Israel diz que age em legítima defesa e que faz tudo a seu alcance para aliviar a situação dos civis.
A guerra eclodiu depois que o Hamas lançou um ataque contra o sul de Israel, em 7 de outubro do ano passado, que provocou 1.160 mortes, a maioria civis. A represália israelense, segundo o grupo extremista, já matou pelo menos 30,7 mil pessoas, sobretudo mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
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