TRAGÉDIA

Os números da guerra em Gaza que completa 6 meses

O conflito eclodiu após um ataque inédito do Hamas em 7 de outubro, seguido por uma reação brutal de Israel. Desde então, milhares de civis morreram, e o território palestino vive uma crise humanitária.

Os números da guerra em Gaza que completa 6 meses -  (crédito: BBC)
Os números da guerra em Gaza que completa 6 meses - (crédito: BBC)

Apesar de uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas exigindo "um cessar-fogo imediato e a libertação imediata e incondicional de todos os reféns" em Gaza no mês passado, o bombardeio do território, que persiste nos últimos seis meses, não mostra sinais de diminuir, e não houve queda no número de mortos e feridos.

A guerra danificou gravemente a infraestrutura da Faixa de Gaza, com edifícios reduzidos a escombros, e forçou os residentes a evacuarem para a cidade de Rafah, no sul, aumentando as preocupações sobre uma possível fome, como alertou um relatório apoiado pela ONU no mês passado.

A guerra eclodiu após um ataque inédito do Hamas em 7 de outubro de 2023, que, segundo dados israelenses, matou cerca de 1,2 mil pessoas, predominantemente civis.

O Reino Unido, os EUA e a União Europeia classificam o Hamas como uma organização terrorista.

Durante o ataque, 253 pessoas foram tomadas como reféns. Acredita-se que cerca de 130 reféns ainda estejam detidos em Gaza — pelo menos 34 dos quais são considerados mortos, dizem autoridades de Israel.

Cerca de 600 soldados israelenses morreram desde os ataques de 7 de outubro, segundo o exército de Israel, com pelo menos 256 mortos desde o início das operações terrestres em Gaza, no final de outubro.

Até ao 175º dia de guerra, pelo menos 32.623 pessoas tinham morrido e mais de 75.092 tinham ficado feridas, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês).

Gráfico mostrando mortes de palestinos e israelenses
BBC

E até ao 178º dia de conflito, pelo menos 32.916 pessoas – a maioria delas mulheres e crianças – tinham sido mortas, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, que é gerido pelo Hamas.

De acordo com um relatório da ONU publicado em 1 de março, cerca de 9 mil mulheres terão sido mortas pelas forças israelenses em Gaza. De acordo com o relatório, esse número provavelmente está subestimado, já que se acredita que há muitos mais mortos sob os escombros.

De acordo com a agência da ONU para as crianças, a Unicef, mais de 13 mil crianças também terão sido mortas em Gaza desde o início da guerra.

Alguns políticos, como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já questionaram a precisão dos números fornecidos pelo Ministério da Saúde palestino, mas a Organização Mundial da Saúde afirma acreditar que os números são reais.

Situação alimentar 'catastrófica'

Gráfico mostrando ajuda humanitária para Gaza
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Segundo a ONU, 85% da população no setor sitiado — onde vivem mais de 2,3 milhões de pessoas — foi forçada a evacuar as suas casas devido à atual situação na Faixa de Gaza, que inclui a destruição de infraestrutura e a falta de alimentos, água, combustível e eletricidade.

No mês passado, o relatório da Integrated Food Security Phase Classification (IPC) – uma respeitada rede internacional que fornece aos governos, à ONU e às agências de ajuda humanitária dados apolíticos para medir a escala da fome – alertou para uma fome iminente em Gaza.

"Prevê-se que metade da população da Faixa de Gaza (1,11 milhões de pessoas) enfrente condições catastróficas" no que diz respeito à segurança alimentar, afirmou.

Israel afirma que a avaliação da ONU contém informações imprecisas e diz que as agências da ONU não conseguiram distribuir a ajuda que chega diariamente.

Gráfico mostra quantidade de ajuda humanitária que chega a Gaza
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"Em qualquer momento, há centenas de caminhões retidos no lado de Gaza da passagem de Kerem Shalom, depois de terem sido completamente processados pelas autoridades de Israel", afirma a Unidade de Coordenação de Assuntos Civis do Ministério da Defesa israelense (Cogat), o órgão de Israel responsável pela política civil na Cisjordânia e em Gaza.

O governo também diz que "Israel está ciente das infelizes repercussões da guerra sobre a população civil em Gaza” e nega as acusações de que Israel está matando de fome os civis em Gaza de propósito.

Aumentaram os apelos para abertura de caminhos para Gaza para acelerar o fluxo de ajuda humanitária para o território, que, segundo a ONU, recebia diariamente pelo menos 500 caminhões antes da guerra.

Durante o mês de março, uma média de 161 caminhões entraram diariamente no território, de acordo com a agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), que coordena a maior operação de ajuda humanitária em Gaza.

Israel diz que não há restrições quanto à quantidade de ajuda humanitária que pode chegar à Faixa de Gaza.

Mortes de jornalistas e agentes humanitários

Gráfico mostrando mortes de jornalistas e trabalhadores humanitários
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De acordo com a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ), 99 jornalistas e profissionais de mídia palestinos, quatro israelenses e três libaneses foram mortos. Houve também relatos de 16 jornalistas feridos, quatro desaparecidos e 25 detidos enquanto cobriam a guerra em Gaza, com base num relatório do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Os jornalistas que tentam trabalhar a partir de Gaza só podem entrar no território se estiverem integrados ao exército israelenses e concordarem com as condições impostas pelos militares, o que inclui permanecer com as tropas israelenses e submeter reportagens para aprovação antes da publicação.

Mais de 196 trabalhadores humanitários foram mortos em Gaza desde outubro, de acordo com a Aid Worker Security Database, entidade financiada pelos EUA que registra incidentes de violência contra agentes humanitários.

A maioria dos mortos desde que a guerra eclodiu há seis meses trabalhava para a UNRWA, que coordena a maior operação de ajuda em Gaza.

Ameaça de operação terrestre

Gráfico mostrando para onde se deslocaram palestinos em Gaza
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Há semanas que Israel ameaça lançar uma operação terrestre em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, na fronteira com o Egito, que está atualmente fechada. A área tornou-se um refúgio para mais de 1,5 milhões de palestinos, a maioria dos quais foram deslocados de outras áreas da faixa.

Funcionários da ONU expressaram o temores de uma catástrofe humanitária "além da imaginação" se houvesse uma incursão em grande escala do exército israelense em Rafah.

Gráfico mostra maiores fornecedores de armas a Israel
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Em Israel, aumenta a pressão sobre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para que ele chegue a um acordo de cessar-fogo para libertar dezenas de reféns detidos em Gaza e para realizar eleições antecipadas.

Na maior manifestação antigoverno desde o início da guerra em outubro, dezenas de milhares de israelenses inundaram o centro de Jerusalém. Os manifestantes expressaram o seu descontentamento com a forma como a guerra foi conduzida e criticaram o fracasso do governo em resgatar ou libertar todos os reféns.

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BBC
Soha Ibrahim - Da BBC News Arabic
postado em 06/04/2024 15:30 / atualizado em 06/04/2024 18:57
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