Oriente Médio

Manifestações pró-Palestina aumentam a tensão em universidades dos EUA

No campus de Columbia, centenas de estudantes estão acampados, enfrentando a reitora Nemat Shafik

Estudantes da Universidade de Nova York montaram um acampamento de tendas da
Estudantes da Universidade de Nova York montaram um acampamento de tendas da "Zona Liberada" no Gould Plaza na NYU Stern School of Business em 22 de abril de 2024 na cidade de Nova York. - (crédito: Michael M. Santiago / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)

A tensão reina em muitos campi nos Estados Unidos, principalmente no da Universidade de Columbia, em Nova York, onde manifestações pró-palestinos e o discurso antissemita se intensificam, quatro meses após a demissão de duas reitoras.

No campus de Columbia, centenas de estudantes estavam mais determinados do que nunca a manter o acampamento montado no jardim, enfrentando a reitora Nemat Shafik, que suspendeu nesta segunda-feira (22) as aulas presenciais.

Os estudantes querem que a instituição rompa os laços financeiros com Israel, um aliado-chave dos Estados Unidos. "Permaneceremos aqui até que falem conosco e ouçam as nossas demandas", disse a estudante mexicana Mimí Elías, suspensa pela universidade após ser detida com uma centena de estudantes na última quinta-feira.

"Noventa e nove por cento de nós estamos aqui pela libertação da Palestina", ressaltou a aluna. "Aqui não queremos antissemitismo nem islamofobia."

Na entrada do acampamento, um grupo de voluntários distribui máscaras e controla quem entra. Uma placa proíbe o consumo de álcool e drogas.

O grupo promete não divulgar detalhes sobre as pessoas envolvidas. Nos arredores da universidade, manifestantes pedem "Liberdade para a Palestina!", sob o olhar atento de dezenas de policiais, que fecharam alguns acessos ao metrô e instalaram cercas nas calçadas.

A destruição da Faixa de Gaza por Israel após o ataque do Hamas em 7 de outubro multiplicou as manifestações pró-palestinos nas cidades e universidades americanas e gerou uma onda de antissemitismo condenada pelo presidente Joe Biden.

"Ferramenta péssima"

Após a intervenção policial de quinta-feira, os estudantes aumentaram os protestos, não só em Columbia, mas também em outras universidades do país.

As manifestações se intensificam na Universidade de Yale, onde 47 pessoas foram detidas, segundo a instituição, e em Harvard, onde o parque que fica no coração do campus foi fechado ao público.

A intervenção foi "a opção nuclear", lamentou o professor Joseph Howley, que faz parte de um grupo pró-palestinos. "A universidade recorreu a uma ferramenta péssima. Não apenas se equivocou, mas também piorou a situação."

Howley diz que em Columbia há estudantes judeus que não querem ficar no campus, porque não se sentem confortáveis com o protesto, mas há outros que foram suspensos e detidos porque participam dos protestos e se sentem excluídos pela instituição.

"Liberdade de expressão"

Para uma estudante de arquitetura de 21 anos que preferiu não ser identificada e que não participa dos protestos, o que está em jogo no campus é a liberdade de expressão.

"Uma das coisas mais importantes de ser estudante é poder explorar e dizer o que você precisar dizer sem ser repreendido e sem que a polícia de Nova York venha ao campus e te prenda, seja qual for o seu ponto de vista", diz a aluna.

Para Joseph Howley, o conflito é causado pela "extrema direita americana, que faz causa comum com a extrema direita sionista hegemônica para suprimir o discurso político que não lhes agrada. Hoje, é o discurso sobre Israel e os palestinos. Na semana que vem, será sobre raça, gênero, vacinas ou o clima."

 

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Agence France Press
postado em 22/04/2024 23:39 / atualizado em 23/04/2024 00:03