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OMS alerta para o uso excessivo de antibióticos durante pandemia; conheça os riscos

Segundo Organização, uso pode ter potencializado a propagação de resistência microbiana

(FILES) This file photo taken on March 05, 2021, shows the sign of the World Health Organization (WHO) at their headquarters in Geneva amid the Covid-19 coronavirus outbreak. Fifty-three countries voiced alarm on May 28, 2021, at reports that World Health Organization leaders knew of sexual abuse allegations against the UN agency's staff and sat on them.
Fabrice COFFRINI / AFP -  (crédito: Fabrice COFFRINI / AFP)
(FILES) This file photo taken on March 05, 2021, shows the sign of the World Health Organization (WHO) at their headquarters in Geneva amid the Covid-19 coronavirus outbreak. Fifty-three countries voiced alarm on May 28, 2021, at reports that World Health Organization leaders knew of sexual abuse allegations against the UN agency's staff and sat on them. Fabrice COFFRINI / AFP - (crédito: Fabrice COFFRINI / AFP)

Durante a pandemia, antibióticos foram usados de forma generalizada e excessiva em pacientes internados com covid-19, o que pode ter potencializado a propagação de resistência microbiana. É o que diz levantamento divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na sexta-feira, 26.

A pesquisa foi feita com base em cerca de 450 mil pacientes internados devido à covid-19 em 65 países entre janeiro de 2020 e março de 2023. As informações foram obtidas junto à Plataforma Clínica Global da OMS para a Covid-19, rede de coleta de dados sobre o tema.

Importante destacar que a covid-19 é causada por um vírus e, por isso, não é tratada com antibióticos (que combatem bactérias). Mas há casos em que ocorre uma coinfecção e o paciente lida tanto com a covid-19 como com bactérias que realmente exigem o uso de antibióticos - trata-se de uma situação específica que afetou apenas 8% dos indivíduos internados com a doença no período, segundo a OMS. Mesmo assim, em torno de 75% desses pacientes foram tratados com esse medicamento "por via das dúvidas".

A incidência desse método variou entre diferentes regiões, segundo a OMS. Na região do Pacífico Ocidental (países localizados próximos ao Oceano Pacífico, no lado ocidental) o uso foi de 33%, enquanto no Mediterrâneo Oriental (países perto da parte oriental do Mar Mediterrâneo) e nas regiões africanas essa taxa chegou a 83%.

Além disso, ao longo do tempo analisado, o uso de antibióticos também se modificou. Entre 2020 e 2022, as prescrições de antibióticos para pacientes internados com covid-19 diminuíram na Europa e nas Américas, enquanto aumentaram em África, segundo a OMS.

Em relação aos tipos de antibióticos prescritos, o levantamento concluiu que os mais usados foram os com maior potencial de resistência microbiana, de acordo com a classificação da OMS.

De forma geral, o uso de antibióticos não melhorou os resultados clínicos dos pacientes com covid-19, segundo a OMS. Pelo contrário: isso pode ter causado danos às pessoas sem infecção bacteriana em comparação aquelas que não receberam antibióticos.

Riscos da prescrição indiscriminada

O principal risco associado ao uso excessivo de antibióticos é a resistência microbiana. Trata-se, segundo a o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), de um quadro em que micro-organismos, como bactérias, vírus, parasitas ou fungos, tornam-se resistentes a tratamentos antimicrobianos aos quais eles eram anteriormente suscetíveis, como antibióticos.

Quanto mais expostos a esses fármacos, maior a probabilidade desses micro-organismos se adaptarem - e se tornarem resistentes - a eles.

Pensando nisso, representantes da OMS destacam a necessidade de esforços para melhorar a prescrição racional de antibióticos e minimizar as consequências negativas do uso desnecessário.

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postado em 26/04/2024 18:35