Dizem que a matemática não falha, mas também que até o árbitro apitar o fim, nada (absolutamente nada) está decidido.
A BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, recorreu às estatísticas fornecidas pela empresa de análise esportiva Opta para saber quem pode ganhar a Copa América 2024, realizada nos Estados Unidos.
Esta edição do torneio de futebol, que começa nesta quinta-feira (20/6), com o jogo entre Argentina e Canadá, será a maior da história.
O campeonato, que é o torneio de seleções mais antigo do planeta, terá a participação de dez equipes da América do Sul e seis da Confederação das Associações de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf).
Para uma visão mais completa de quem ganhará o torneio, o modelo de previsão da Opta estima a probabilidade do resultado de cada partida (vitória, empate ou derrota), utilizando as probabilidades do mercado de apostas e suas próprias classificações das equipes.
As probabilidades e classificações são baseadas em desempenhos históricos e recentes das seleções.
O modelo leva em consideração a força do oponente e a dificuldade do caminho de cade equipe até a final, usando probabilidades de resultados dos jogos, ao mesmo tempo que considera a composição dos grupos e as classificações para as fases eliminatórias.
Argentina
Não é uma surpresa que a Opta aponte a atual campeã mundial, que também conquistou a última edição da Copa América, como favorita.
A Argentina chega com um histórico de 15 títulos conquistados e é liderada por uma lenda: Lionel Messi, que, aos 36 anos, disputará seu último torneio continental.
A Albiceleste, à qual a Opta dá 32% de chances de vitória, também conta com outras estrelas, como Alexis Mac Allister, Rodrigo De Paul e Julián Alvárez.
O técnico Lionel Scaloni e seus jogadores têm diante de si a missão de realizar uma façanha que o passado lhes negou.
Após vencer a Copa do Mundo de 1978, a Argentina não conseguiu conquistar a Copa América de 1979, vencida pelo Paraguai. Após o retorno com a Copa do Mundo de 1986, também não conquistou o torneio continental, sendo o Uruguai o campeão em 1987.
Talvez 2024 seja diferente. No Grupo A, a Argentina é acompanhada por Chile, Peru e Canadá.
Brasil
A seleção brasileira chega aos Estados Unidos com um histórico recente atravessado na garganta. Na última Copa América, chegou à final, mas foi derrotada pela Argentina em pleno Maracanã, no Rio de Janeiro.
Além disso, depois de começar a Copa do Mundo do Catar, em 2022, como uma das favoritas, caiu nas quartas de final para a Croácia e terminou em sétimo lugar. Mas talvez sejam essas decepções que joguem a seu favor.
Além de ter uma história de sucesso no torneio da Conmebol (9 títulos), o Brasil conta com excelentes jogadores que atuam nas principais ligas da Europa. Vinicius Júnior (estrela do Real Madrid e visto por muitos como um forte candidato ao prêmio Bola de Ouro de melhor jogador do mundo), Rodrygo e Gabriel Martinelli são apenas três exemplos.
Além disso, há novos ares na seleção, com o experiente Dorival Júnior assumindo o comando no início deste ano. A análise computacional da Opta calcula 23% de probabilidade Brasil sair vencedor.
Ao lado do Brasil, no grupo D, estão Colômbia, Paraguai e Costa Rica.
Uruguai
A Celeste, assim como a Argentina, já conquistou 15 títulos da Copa América. O último foi em 2011.
Em uma despedida amarga da Copa do Mundo do Catar, o Uruguai foi eliminado na fase de grupos, encerrando o que muitos chamaram de sua geração dourada.
A seleção uruguaia, à qual a Opta atribui 13% de chances de conquistar a final, possui várias fortalezas: uma defesa sólida e figuras destacadas como Federico Valverde, Luis Suárez e Darwin Núñez.
Mas há quem encontre fora de campo uma de suas maiores forças: o veterano treinador argentino Marcelo Bielsa. Conhecido como "El Loco", Bielsa levou o Chile à Copa do Mundo na África do Sul, se tornou um herói no Leeds United e está dirigindo a Celeste desde 2023.
Esse contexto, somado às vitórias no final do ano contra Argentina e Brasil (ambas por 2 a 0) e à recente vitória por 4 a 0 sobre o México, fortalece ainda mais a garra charrua - um apelido dado à seleção em referência aos povos indígenas do território uruguaio.
O grupo C, além do Uruguai, inclui Estados Unidos, Bolívia e Panamá.
Estados Unidos
Não há nada melhor do que se sentir em casa.
Os EUA, com 7% de chances de conquistar o título pelas previsões da Opta, sediam a Copa América após vencer a Liga das Nações da Concacaf.
No Catar, conseguiram avançar da fase de grupos, mas foram eliminados pela Holanda nas oitavas de final, terminando o mundial na 14ª posição.
A seleção americana possui uma equipe sólida com jogadores atuando em ligas da Europa, como Christian Pulisic, Tyler Adams e Weston McKennie.
De fato, há quem acredite que essa seleção nunca reuniu tanto talento quanto agora.
No entanto, o técnico Gregg Berhalter não pode confiar apenas em seus jogadores ou no apoio da torcida, especialmente após ter perdido recentemente em casa por 5 a 1 para a Colômbia.
Colômbia
Embora a Opta dê apenas 6% de chances à Colômbia de vencer o torneio, muitos especialistas consideram a seleção colombiana uma das candidatas mais fortes.
Os colombianos estão invictos há mais de 20 jogos. Em março, venceram a Espanha por 1 a 0 em um amistoso no estádio de Wembley, em Londres. Poucos dias depois, derrotaram a Romênia por 3 a 2, equipe que na segunda-feira (17/06), venceu a Ucrânia por 3 a 0 na Eurocopa.
O treinador argentino Néstor Lorenzo conta com estrelas como Luis Díaz e Rafael Santos Borré, além de um veterano que, embora não tenha sido convocado na última edição do torneio, pode ser crucial: James Rodríguez, atualmente atleta do São Paulo.
A Colômbia, que conquistou a Copa América em 2001, não se classificou para a última Copa do Mundo, mas seu estilo ofensivo e a nova geração de jogadores prometem apresentar um bom desempenho em campo.
E o resto?
Segundo as projeções da Opta, há seis países que terão muita dificuldade para passar da fase de grupos.
Com uma probabilidade inferior a 27%, estão: Paraguai, Costa Rica, Canadá, Panamá, Jamaica e Bolívia.
Aliás, para esses três últimos países, a Opta deu probabilidade zero de conquistar o troféu.
A situação é mais aberta no Grupo A, onde tudo indica que o adversário da Argentina sairá do clássico do Pacífico. Segundo as projeções da Opta, o Chile tem 48% de chances de avançar para as quartas de final, enquanto o Peru tem 35%.
Ambos devem estar atentos à seleção canadense, que foi a única dos três países a participar da última Copa do Mundo, no Catar.
No entanto, é improvável que uma dessas três seleções chegue à final em 14 de julho ou levante o troféu.
Situação semelhante ocorre no Grupo B. O México aparece como favorito, com 69% de chances de avançar para as quartas de final, seguido de perto pelo Equador, com 65%.
A Venezuela está mais distante, com 39%, mas o bom momento da Vinotinto e as dúvidas recentes sobre a seleção mexicana tornam o Grupo B o mais incerto da Copa.
As probabilidades mudam a partir das quartas de final em diante, em relação às chances de conquistar o título. A Opta atribui ao México a mesma probabilidade de vencer o campeonato que atribui à Colômbia: 6%. Para o Equador, projeta 5%, e para a Venezuela, apenas 1%.
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