Oriente Médio

Cisjordânia: Israel lança ataque sem precedentes contra Jenin

Forças israelenses destróem 23 prédios do campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, e anunciam a morte de mais de "50 terroristas" no território palestino, desde 14 de janeiro passado

Colunas de fumaça depois de várias explosões no campo de refugiados palestinos de Jenin  -  (crédito: Mohammad Mansour/AFP)
Colunas de fumaça depois de várias explosões no campo de refugiados palestinos de Jenin - (crédito: Mohammad Mansour/AFP)

No 15º dia de trégua na Faixa de Gaza, novas explosões sacudiram o território palestino, desta vez, na Cisjordânia ocupada. As Forças de Defesa de Israel (IDF) implodiram 23 prédios no campo de refugiados de Jenin que estariam sendo usados por "operativos do terror". Em nota, o Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Palestina denunciou "os atentados com bomba cometidos pelas forças de ocupação israelenses", em particular, a decisão de "destruir grandes bairros do campo de refugiados, em uma cena brutal que reflete a magnitude de algumas destruições sofridas pela Faixa de Gaza".

As IDF anunciaram a morte de mais de 50 "terroristas" na Cisjordânia desde 14 de janeiro. No mês passado, Israel iniciou a ofensiva "Muro de Ferro", para expulsar o Hamas e a Jihad Islâmica da região de Jenin. "As forças eliminaram mais de 35 terroristas e prenderam mais de 100 pessoas procuradas", declarou o exército. "Em uma ação anterior, mais de 15 terroristas foram eliminados em um bombardeio." Israel reconheceu a morte de vários civis. 

As incursões foram lançadas na madrugada de ontem, em Tamun, vilarejo do norte da Cisjordânia, e se expandiram para cinco cidades. Os militares espalharam panfletos escritos em árabe, nos quais explicam que a operação buscava "erradicar os criminosos armados, os lacaios do Irã".

Mustafa Barghouti, secretário-geral da Iniciativa Nacional Palestina e potencial sucessor do presidente Mahmud Abbas, acusou Israel de pretender realizar uma "limpeza étnica na Cisjordânia, como na Faixa de Gaza". "Seu objetivo final é a anexação da Cisjordânia e a expulsão de sua população", denunciou ao Correio, por meio do WhatsApp.

Dina Jadarat, jornalista de Jenin, disse à reportagem que os ataques de ontem não têm precedentes na Cisjordânia ocupada. "O Exército de ocupação explodiu muitos prédios. Por enquanto, não podemos entrar no campo de refugiados, por causa de um cerco que impuseram a nós e por conta dos tiroteios. Mas eles implodiram os prédios, ao colocarem no solo uma grande quantidade de explosivos", afirmou. "Não sabemos quantas pessoas estavam nos edifícios. Temos informações de que algumas famílias não conseguiram sair do campo de refugiados."

Segundo Jadarat, há 13 dias, as IDF invadiram a Jenin e seu campo e mataram combatentes de facções armadas. "Até o momento, temos 26 mártires. Ainda não temos um número exato de palestinos presos e de feridos por balas letais", disse.

Rodrigo Craveiro
postado em 03/02/2025 06:02
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