Tragédia na Indonésia

Lesão quase custou carreira de guia que buscou corpo de Juliana

O antropólogo indonésia Yudis Febrianda revela que o amigo Abdul Haris Agam, o guia de montanha que também tentou salvar brasileira no vulcão Rinjani, por pouco não perdeu a carreira, após queda de motocicleta

Em 2023, um acidente com uma motocicleta por pouco retirou o guia de montanha indonésio Abdul Haris Agam, 36 anos, de atividade. A informação foi revelada pelo antropólogo Yudi Febrianda, 48, amigo de Agam. "Ele machucou o joelho e quase perdeu a carreira como guia de montanha", contou ao Correio. Agam confirmou a informação à reportagem, mas preferiu não dar detalhes. "Mais do que um amigo, Agam é o que chamamos no mundo da antropologia de 'kerabat'. Nós dois estudamos antropologia, e isso nos torna meio que parentes em diferentes campi e gerações. Além disso, andamos com a mesma comunidade motociclista, então compartilhamos estradas, histórias e espírito. Ele é alguém que eu respeito profundamente — não apenas por sua mentalidade de trabalho de campo, mas também por sua bravura e comprometimento, especialmente em momentos como a missão de resgate de Rinjani", acrescentou.  Agam e três companheiros arriscaram as próprias vidas para resgatar o corpo da brasileira Juliana Marins do vulcão Rinjani e chegaram a dormir amarrados às pedras, no penhasco. 

Yudi classifica Agam como "umas das pessoas mais sinceras" que conheceu. "Ele coloca a humanidade acima de tudo. Nunca pergunta: 'O que eu ganho com isso?' — ele simplesmente age, com integridade e coração. Agam é profundamente comprometido, socialmente motivado e sempre humilde", disse o antropólogo indonésio. "A energia dele parece infinita, como se seu propósito o alimentasse mais do que qualquer outra coisa. Um tipo raro de alma, na verdade — o tipo de alma de que este mundo tanto precisa." Ele contou que ficou "extremamente surpreso" com o fato de o amigo ter se tornado popular no Brasil. No sábado (28/6), em relato exclusivo ao Correio, Agam afirmou que se sente culpado por não devolver Juliana em segurança à família. "Apenas fiz o meu melhor por ela", comentou. 

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