
Às vésperas de completar 90 anos, Dalai Lama anunciou que se prepara para a escolha do sucessor. Líder do budismo da comunidade tibetana, a definição ocorre por meio de indicações espirituais após reunião com 100 monges mais elevados, que pertencem à fundação Gaden Phodrang Trust que têm autoridade para reconhecer o escolhido, após muita medicação. Porém, isso só acontece quando o líder morre, não antes disso. Pequim avisou que a reencarnação do sucessor deve ser encontrada dentro da China com a aprovação do governo central.
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A China comunista anexou o Tibete em 1951, e considera o Dalai Lama um separatista. Em comunicado, Dalai Lama afirmou ontem que o sucessor será nomeado após sua morte para garantir a continuidade de seu papel como líder espiritual da comunidade tibetana. A iniciativa é uma resposta política à China e às incertezas causadas por um eventual vazio. "Afirmo que a instituição do Dalai Lama continuará", disse ele em uma mensagem lida no mosteiro de McLeod Ganj, a cidade indiana onde vive exilado desde que deixou o Tibete em 1959, sob o controle de Pequim.
Na mensagem, Dalai Lama disse que, nos últimos anos, recebeu inúmeros telefonemas da diáspora tibetana, de budistas da região do Himalaia, da Mongólia e de partes da Rússia e da China "pedindo a continuação da instituição do Dalai Lama". "Em particular, recebi mensagens por vários canais de tibetanos no Tibete com o mesmo chamado", disse ele em um vídeo divulgado no início de uma reunião de líderes religiosos em McLeod Ganj. O Times of India informou que até o dia 4, monges anciões, considerados sábios, da congregação religiosa budista em McLeodganj, Dharamshala, estarão reunidos para debater a questão.
A decisão é histórica não apenas para os tibetanos, mas também para seus seguidores em todo o mundo, que veem o Dalai Lama como um símbolo da não violência, da compaixão e da luta pela identidade cultural tibetana sob o domínio chinês. Mas as autoridades chinesas o consideram um rebelde separatista. No Brasil, há cerca de 245 mil budistas de distintas linhas, sendo três as principais: theravada, mahayana e vajrayana.
14º líder
Considerado o 14º Dalai Lama, ele tem como nome de batismo Tenzin Gyatzo e nasceu em 1935, no interior da China. Foi identificado como a reencarnação do líder aos 2 anos de idade. Carismático, ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1989 "por defender soluções pacíficas baseadas na tolerância e no respeito mútuo, a fim de preservar a herança histórica e cultural de seu povo". Antes do anúncio ontem, reafirmava que a fundação permaneceria diante de demanda popular.
Dalai Lama e cerca de 800 mil tibetanos vivem exilados na Índia desde que as forças chinesas reprimiram uma revolta na capital tibetana, Lhasa, em 1959. Muitos tibetanos no exterior temem que a China nomeie um sucessor para fortalecer seu controle sobre o vasto território que invadiu em 1951. Dalai Lama mandou recado direto para a China: "Reitero aqui que o Gaden Phodrang Trust tem autoridade exclusiva para reconhecer futuras reencarnações; ninguém mais tem autoridade para interferir neste assunto".
Chemi Lhamo, de 30 anos, ativista tibetana exilada, disse estar convencida de que a continuidade do papel do Dalai Lama ajudará a causa do Tibete. "Não há dúvida de que a instituição do Dalai Lama continuará a servir ao benefício da humanidade", afirmou Lhamo. Para ela, o anúncio é uma "oportunidade histórica" para a China rejeitar "inequivocamente" qualquer papel na identificação do futuro líder.
Como se identificar o futuro líder
No seu livro Voz para os Sem Voz, lançado em março de 2025, o Dalai Lama disse que seu sucessor nasceria fora da China. Ele escreveu que divulgaria detalhes sobre sua sucessão por volta do seu 90º aniversário exatamente como está fazendo. A tradição orienta que a busca começa apenas depois da morte do líder. A responsabilidade de encontrar a reencarnação recai sobre os lamas (mestres) mais elevados, que seguem um mapa de pistas místicas, que incluem visões e profecias, mas também por instruções deixadas pelo antecessor.
A partir dessas pistas, os lamas e monges, disfarçados, saem em busca do sucessor. Geralmente, são observados sinais físicos particulares no corpo do candidato, como orelhas grandes ou marcas muito particulares. Uma vez identificados, os religiosos confrontam o candidato com objetos do dalai-lama em sua vida anterior, como terços ou bastões. Também é bosevada a capacidade de reconhecer pessoas próximas do dalai-lama em sua vida anterior ou de lembrar de sua vida passada.
O Times of India destaca a figura de panchen lama, segundo na espiritual . Em 1995, poucos dias depois de Dalai Lama reconhecer Gedhun Choekyi Nyima, de 6 anos, como novo panchen lama, o garoto desapareceu com a família. Organizações de direitos humanos denunciaram o episódio, classificando-o de sequestro de motivação política. No lugar da criança, a China instalou seu próprio candidato e aprovou leis que dão ao Partido Comunista o poder de autorizar todas as reencarnações.
O governo chinês afirma ter o direito de endossar o próximo Dalai Lama com base na prática histórica da Dinastia Qing. Em 1793, a Dinastia Qing estabeleceu um sistema de uso de uma urna de ouro para lançar a sorte e validar reencarnações. Posteriormente, a China argumentou que essa cerimônia legitima sua autoridade sobre o processo de reencarnação. Pequim também promulgou uma legislação que exige que qualquer lama reencarnado seja sancionado pelo Partido Comunista. Mas para a maioria dos tibetanos é uma manobra para substituir uma figura politicamente subserviente.
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Escolha do além
No seu livro "Voz para os Sem Voz", lançado em março de 2025, o Dalai Lama disse que seu sucessor nasceria fora da China. Ele escreveu que divulgaria detalhes sobre sua sucessão por volta do seu 90º aniversário exatamente como está fazendo. A tradição orienta que a busca começa apenas depois da morte do líder. A responsabilidade de encontrar a reencarnação recai sobre os lamas (mestres) mais elevados, que seguem um mapa de pistas místicas, que incluem visões e profecias, mas também por instruções deixadas pelo antecessor.
A partir dessas pistas, os lamas e monges, disfarçados, saem em busca do sucessor. Geralmente, são observados sinais físicos particulares no corpo do candidato, como orelhas grandes ou marcas muito particulares. Uma vez identificados, os religiosos confrontam o candidato com objetos do dalai-lama em sua vida anterior, como terços ou bastões. Também é bosevada a capacidade de reconhecer pessoas próximas do dalai-lama em sua vida anterior ou de lembrar de sua vida passada.
O Times of India destaca a figura de panchen lama, segundo na espiritual . Em 1995, poucos dias depois de Dalai Lama reconhecer Gedhun Choekyi Nyima, de 6 anos, como novo panchen lama, o garoto desapareceu com a família. Organizações de direitos humanos denunciaram o episódio, classificando-o de sequestro de motivação política. No lugar da criança, a China instalou seu próprio candidato e aprovou leis que dão ao Partido Comunista o poder de autorizar todas as reencarnações.
O governo chinês afirma ter o direito de endossar o próximo Dalai Lama com base na prática histórica da Dinastia Qing. Em 1793, a Dinastia Qing estabeleceu um sistema de uso de uma urna de ouro para lançar a sorte e validar reencarnações. Posteriormente, a China argumentou que essa cerimônia legitima sua autoridade sobre o processo de reencarnação. Pequim também promulgou uma legislação que exige que qualquer lama reencarnado seja sancionado pelo Partido Comunista. Mas para a maioria dos tibetanos é uma manobra para substituir uma figura politicamente subserviente.
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