ESTADOS UNIDOS

Em véspera de julgamento de Bolsonaro, governo Trump volta a ameaçar Moraes: 'Continuaremos com medidas apropriadas'

O subsecretário de Diplomacia Pública dos Estados Unidos publicou nesta segunda-feira (8/9) nova postagem criticando o ministro do STF, acusando-o de atentar contra a liberdade. Postagem acontece na véspera de retomada de julgamento que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Em véspera de julgamento de Bolsonaro, governo Trump volta a ameaçar Moraes: 'Continuaremos com medidas apropriadas' -  (crédito: BBC Geral)
Em véspera de julgamento de Bolsonaro, governo Trump volta a ameaçar Moraes: 'Continuaremos com medidas apropriadas' - (crédito: BBC Geral)

O subsecretário de Diplomacia Pública dos Estados Unidos, Darren Beattie, publicou em suas redes sociais nesta segunda-feira (8/9) uma postagem criticando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Beattie, que já havia criticado Moraes anteriormente, acusou o ministro de ser contrário às "liberdades fundamentais".

A postagem, na rede social X, foi feita após o Dia da Independência no Brasil e um dia antes do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro ser retomado no STF.

"Ontem foi o 203º Dia da Independência do Brasil. Foi uma lembrança do nosso comprometimento em apoiar o povo do Brasil que busca preservar os valores de liberdade e justiça. Para o juiz Alexandre de Moraes e indivíduos cujo abuso de autoridade atacou essas liberdades individuais, continuaremos com medidas apropriadas", escreveu Beattie.

Moraes é relator da ação penal que pode condenar Bolsonaro e mais sete réus ainda esta semana — o julgamento, na Primeira Turma do STF, está previsto para ocorrer de terça (9/9) e a sexta-feira (12/9).

A situação de Bolsonaro na Justiça tem motivado retaliações do governo dos EUA, comandado por Donald Trump — a quem o ex-presidente do Brasil é alinhado ideologicamente.

Ao anunciar tarifas de 50% contra o Brasil em julho, o republicano justificou que Bolsonaro estaria sofrendo uma "caça às bruxas" na Justiça brasileira.

Depois, centenas de produtos brasileiros passaram a ser isentos da tarifa, mas vários outros itens relevantes para a agenda exportadora brasileira — como carne e café — continuam taxados.

No fim de julho, o ministro Alexandre de Moraes foi sancionado com a Lei Magnitsky, criada nos EUA para punir estrangeiros considerados autores de graves violações de direitos humanos e práticas de corrupção.

Eduardo Bolsonaro, deputado federal (PL-SP) e filho de Jair Bolsonaro, está morando nos EUA, onde vem pressionando o governo americano a aderir à pauta da anistia ao ex-presidente e seus apoiadores.

Recentemente, Eduardo postou em suas redes sociais foto de um encontro com Darren Beattie.

Aparecem na imagem também o ex-comentarista da Jovem Pan Paulo Figueiredo e o assessor sênior dos EUA para o Hemisfério Ocidental, Ricardo Pita.

Em julho, Beattie escreveu no X que Alexandre de Moraes seria o "coração pulsante" da "perseguição" e da "censura" ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Na ocasião, a mensagem foi republicada pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil.

Neste 7 de setembro, quando foi celebrada a Independência do Brasil, cidades no país tiveram protestos favoráveis e contrários a Bolsonaro.

Em São Paulo (SP), uma enorme bandeira dos EUA foi estendida pelos manifestantes, que também exibiram cartazes agradecendo ao governo Donald Trump, criticando o STF e pedindo anistia.

Na ação penal a ser decidida em breve, Bolsonaro é réu por acusações de liderar organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano contra patrimônio da União; e deterioração de patrimônio tombado.

As acusações são de autoria da Procuradoria-Geral da República, que aponta para uma trama golpista que teria sido intensificada após a derrota de Bolsonaro para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas, em 2022.

Há mais de um mês, o ex-presidente está em prisão domiciliar imposta por Moraes, que considerou que Bolsonaro descumpriu medidas cautelares.

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BBC
Mariana Alvim - Da BBC News Brasil em São Paulo
postado em 08/09/2025 23:01 / atualizado em 08/09/2025 23:36
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