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Bolsonaristas falam de 'traição' e 'decepção' com Trump após retirada de Moraes das sanções da Lei Magnitsky

Aliados do governo celebraram decisão; poucos parlamentares da oposição se manifestaram

Bolsonaristas falam de 'traição' e 'decepção' com Trump após retirada de Moraes das sanções da Lei Magnitsky -  (crédito: BBC Geral)
Bolsonaristas falam de 'traição' e 'decepção' com Trump após retirada de Moraes das sanções da Lei Magnitsky - (crédito: BBC Geral)

A decisão do governo americano de retirar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e sua esposa, Viviani Barci de Moraes, da lista de sanções da Lei Magnitsky, gerou reações entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Alguns parlamentares da oposição que se manifestaram nas redes sociais criticaram o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dizendo que se sentiam traídos e decepcionados.

"O sentimento, não escondamos, é de traição. Certamente o preço cobrado por Trump não foi baixo, e em breve saberemos se Lula ofereceu as terras brasileiras ou o apoio na queda de Nicolás Maduro", disse o vice-líder da oposição na Câmara, o deputado federal Maurício Marcon (Podemos-RS) em uma publicação no X.

"Trump pensou nos EUA, com seu slogan 'American First'", acrescentou.

O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) disse que a Lei Magnitsky foi "banalizada" por Trump e que o presidente americano era uma "grande decepção".

"Não existe 'ex-violador de direitos humanos'. Infelizmente colocamos esperanças em alguém que só queria negociar. Uma grande decepção com o presidente americano e uma enorme lição para nós: não terceirizemos nossa responsabilidade", declarou.

O deputado Rodrigo Valadares (União-SE), também fez críticas, dizendo que "o sistema se fechou em si e nos seus próprios interesses" apesar do "sacrifício" de Eduardo Bolsonaro.

A retirada das sanções, anunciada nesta sexta-feira (12/12), era defendida pelo governo brasileiro em conversas mantidas com interlocutores da administração norte-americana.

Em uma publicação no X, a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), atribuiu a decisão a uma vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Foi Lula quem colocou esta revogação na mesa de Donald Trump, num diálogo altivo e soberano", afirmou.

"É uma grande derrota da família de Jair Bolsonaro, traidores que conspiram contra o Brasil e contra a Justiça".

As sanções contra Alexandre de Moraes foram impostas em julho, em meio às pressões do governo americano para tentar influenciar o julgamento de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

Em setembro, a esposa de Moraes também foi incluída na lista, assim como a empresa administrada por ela e pelos três filhos do casal.

Na época, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse que estava trabalhando para que isso acontecesse, e que a sanção era uma pressão por anistia

Na tarde desta sexta-feira, pouco após o anúncio da decisão, Eduardo se manifestou sobre o assunto.

Em uma publicação no X, o parlamentar divulgou uma nota conjunta com o influenciador Paulo Figueiredo. Eles disseram receber com "pesar" a notícia, mas que eram "gratos pelo suporte dado pelo presidente Trump demonstrado durante este processo e pela atenção que ele deu a esta séria crise de liberdade afetando o Brasil"

Eduardo e Paulo Figueiredo foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República por articular as sanções para tentar influenciar o julgamento de Jair Bolsonaro. No mês passado, o parlamentar se tornou réu em um processo no STF por coação no curso do processo.

Seguindo a linha de Eduardo, o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) também agradeceu a Donald Trump pela "ajuda", disse que a aplicação da Lei Magnitsky "abriu janela para o Brasil" e que restava aos brasileiros, agora, fazer sua parte.

"A guerra para tirar a suprema esquerda do poder no brasil será nossa, dos brasileiros", escreveu.

"Ou o Brasil reage agora, ou normaliza o autoritarismo togado."

O deputado Mario Frias (PL-SP) pediu que as pessoas não buscassem culpados e também "não colocassem mais lenha na fogueira".

"Quem mais sofre ncesse processo são os inocentes que são presos políticos e o próprio presidente Bolsonaro. Como ele já disse certa vez: não é o fim", afirmou.

Reação da base do governo

Parlamentares da base do governo viram a retirada da sanções como uma derrota do bolsonarismo.

"É uma vitória da diplomacia de Lula e uma prova de solidez da nossa democracia. Expõe o fracasso da campanha bolsonarista de tentar deslegitimar o Brasil no exterior e atacar a nossa soberania", afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE) nas redes sociais.

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT), chamou a medida de uma "derrota histórica dos traidores da pátria que tentaram negociar sanções internacionais, revogação de vistos, tarifas e a chamada 'pena de morte financeira' contra o ministro".

Já o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) atribuiu a vitória à "química" entre o presidente Lula e Trump, fazendo referência a uma fala do presidente americano, durante a Assembleia Geral da ONU, de que havia uma "química excelente" entre ele e o líder brasileiro.

"Nova vitória da diplomacia do presidente Lula. Química continua produzindo bons resultados", afirmou o parlamentar.

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BBC
Iara Diniz - Da BBC News Brasil em São Paulo
postado em 12/12/2025 19:39 / atualizado em 12/12/2025 20:21
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