A CPI da Covid, instalada no Senado, encaminha-se para o final. Falta apenas a votação do polêmico relatório, com indiciamento de importantes autoridades da República. Durante quase seis meses, o Brasil acompanhou uma enxurrada de depoimentos e documentos que lançaram luz sobre a ausência de uma estratégia clara e eficiente de combate à pandemia do novo coronavírus.
Particularmente, de todas as denúncias apresentadas, a que mais me estarreceu foi em relação à Prevent Senior. Pelo que foi revelado aos senadores, os relatos de cerceamento da autonomia médica; distribuição do kit covid; aplicação de terapêuticas não autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); uso de cobaias; e a fraude em estudo clínico sobre a eficácia de drogas, como hidroxicloroquina e azitromicina, indicam o tanto que a falta de uma atuação nacional unificada para controlar o vírus fez mal ao Brasil. Nunca é demais lembrar: mais de 603 mil perderam a vida. Não poderia ter sido diferente?
E as marcas da pandemia serão para sempre. Dados recém-divulgados da pesquisa Saúde Brasil, uma parceria da UnB com o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD), trazem informações assustadoras: um terço dos brasileiros perdeu um amigo próximo e 16%, alguém da família. Praticamente metade (47%) conhece alguém que morreu em decorrência da covid-19. É o meu caso. Parentes e pessoas da mais alta estima pessoal não resistiram ao vírus. Tive amigos também que se infectaram, ficaram mal e conseguiram se recuperar. Lutam contra as sequelas.
De março de 2020 para cá, vivemos experiências inéditas. Ficamos com a circulação restrita, passamos a trabalhar em home office e fomos apresentados a um mundo que mudou rápido, com o avanço do delivery e do comércio on-line. Não sabemos ainda quando a pandemia vai acabar, quando deixaremos de usar máscaras e nos sentiremos seguros para aquele abraço confortante. A vacinação avança bem e o sentimento de volta à normalidade está perto. Uma pena que não conseguiremos apagar o passado. Erros foram cometidos. Seja eles de políticos ou pessoais nossos. São as fraturas da pandemia. O futuro, no entanto, poderá ser feito de forma diferente. Basta querer. Eu quero. E você?
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