O Brasil é considerado o quinto país mais sedentário do mundo e o primeiro na América do Sul. Na pandemia de covid-19, isso foi ainda mais evidenciado. Com o isolamento, as pessoas ficaram em casa e muitas deixaram de se exercitar. O Projeto ConVid — Pesquisa de Comportamento, feito pela Fundação Oswaldo Cruz em parceria com a UFMG e a Unicamp, apresentado no ano passado —, já tinha mostrado a mudança na rotina dos brasileiros ao apontar que as pessoas ficam três horas por dia, em média, diante da TV (1h20min a mais que antes da pandemia) e mais de cinco horas diárias no computador (1h30min a mais).
O estudo feito com o intuito de verificar como o isolamento social mudou os hábitos de vida da população brasileira apontou também que 62% dos entrevistados deixaram de praticar qualquer atividade física durante a pandemia, comprometendo a saúde e aumentando os casos de doenças no país além da covid-19, entre elas as cardiovasculares, câncer, diabetes e obesidade.
Outro estudo publicado recentemente na revista The Lancet indicou que ficar sentado durante oito horas por dia aumenta em 10% o risco de morte, corroborando a importância de combater o sedentarismo como medida de saúde pública.
Com o avanço da imunização, já com 60% da população protegida com as duas doses, é hora de retomar a rotina e inserir a prática de exercícios no dia a dia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que adultos façam atividade física moderada de 150 a 300 minutos ou de 75 a 150 minutos de atividade física intensa, por semana, quando não houver contraindicação, para manter a saúde e a qualidade de vida.
Recentemente, o Ministério da Saúde lançou o primeiro guia de atividade física para a população brasileira. O manual, elaborado por especialistas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) junto com mais de 70 pesquisadores, técnicos do Ministério e da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), traz orientações sobre tipos de atividade física apropriadas para cada faixa etária, duração de exercícios e dicas de como realizá-las gratuitamente. Estima-se que a inatividade física seja responsável por 15% das internações no Sistema Único de Saúde (SUS), daí a importância de alertar sobre a necessidade de inserir a prática no dia a dia da população.
Abandonar o sedentarismo é fundamental não só para prevenir doenças físicas, mas também para garantir a saúde mental, que ficou muito comprometida na pandemia. O Brasil está entre os países com maior índice de ansiedade e depressão no mundo e é urgente estimular a prática de exercícios no dia a dia da população para ajudar no aspecto psicológico.
É importante alertar que atividades físicas ao ar livre bem como aquelas em espaços fechados devem continuar seguindo protocolos para manter a segurança de todos. Algumas cidades e estados já liberaram o uso de máscara em locais abertos, enquanto outras estão avaliando e devem flexibilizar essa restrição nos próximos meses.
No entanto, em academias, ainda é obrigatório o item de proteção, bem como manter distanciamento e utilizar álcool em gel para higienização das mãos e dos equipamentos de ginástica. Esses cuidados garantem o retorno seguro às atividades físicas e devem ser mantidos até o controle total da pandemia.
Os benefícios na mudança de postura em busca de uma vida saudável são muitos e vão além da prevenção de doenças. As atividades físicas atuam também na melhora da autoestima, na manutenção do peso, na tonificação da musculatura, no equilíbrio do sono e devem ser levadas em conta na adoção de políticas públicas e na decisão de cada um de incluir exercícios na sua rotina diária.
Para quem está há muito tempo parado, começar pode parecer difícil, mas escolher uma atividade que seja prazerosa e adotar um ritmo próprio podem tornar a prática divertida e ajudar na motivação. Basta dar o primeiro passo: o corpo e a mente agradecem.
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