PANDEMIA

Análise: medidas impopulares em ano de disputa eleitoral

O avanço da variante ômicron lança uma série de dúvidas sobre as próximas semanas. Há um grande temor dos empresários sobre a necessidade da adoção de medidas restritivas por parte de prefeitos e governadores

Roberto Fonseca
postado em 14/01/2022 06:00 / atualizado em 14/01/2022 12:31
Protesto simula paciente com falta de oxigênio -  (crédito:  Sérgio Lima/AFP)
Protesto simula paciente com falta de oxigênio - (crédito: Sérgio Lima/AFP)

Este ano ainda está na segunda semana, e uma penca de incertezas toma conta dos brasileiros. E o motivo, como em 2020 e 2021, é o recrudescimento da pandemia do novo coronavírus. O avanço da variante ômicron lança uma série de dúvidas sobre as próximas semanas. Há um grande temor dos empresários sobre a necessidade da adoção de medidas restritivas por parte de prefeitos e governadores. É praticamente consenso que muitos negócios não aguentam mais um terceiro lockdown.

A última nota técnica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sinaliza que um terço das unidades da Federação e 10 capitais encontram-se nas zonas de alerta intermediário e crítico, segundo análise das taxas de ocupação registradas na segunda-feira em comparação com a série histórica e considerando a ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS). Com a alta de casos — a média móvel cresceu mais de 600% em relação à última semana de 2021 —, a tendência é de uma pressão ainda maior sobre a rede de saúde. Intensivistas afirmam que, tradicionalmente, o aumento de internações ocorre 15 dias após o avanço das infecções.

Quem precisa de atendimento médico hoje na rede pública ou na privada tem convivido com longas filas. Não só pela covid-19. A epidemia de gripe provocou uma alta demanda nas unidades de saúde. O tempo de espera em relação a exames é ainda maior. Chega a seis horas em muitos laboratórios apenas para a coleta. O resultado que saía em até 48 horas, agora leva quatro dias em muitos locais — claro sinal da sobrecarga.

Estamos em ano eleitoral. Qualquer medida a ser tomada pelos administradores públicos terá como norte o primeiro domingo de outubro, salvo raríssimas exceções. Todo político pensa sempre na reeleição. Há, no entanto, que deixar claro que estamos no meio da maior crise sanitária mundial do último século. Assim, tudo que a sociedade espera é que sejam tomadas as ações mais corretas, com base no trabalho técnico e científico, independentemente do caráter impopular.

Se a onda da ômicron será curta ou longa, ninguém consegue cravar. O fato é que estamos, de novo, no meio de uma turbulência. O home office voltou com força, as empresas sofreram forte impacto na força de trabalho com os casos crescentes de influenza e covid-19 e há preocupação em relação à falta de insumos para a testagem da população. O cenário não é de caos, mas é preocupante. Não tenha dúvida.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação