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Irlam Rocha: Diva da MPB

Irlam Rocha Lima
postado em 22/03/2022 06:00
 (crédito: Arquivo)
(crédito: Arquivo)

Elis Regina nunca foi uma unanimidade, inclusive — e principalmente — no meio artístico. Não por acaso, recebeu o apelido de Pimentinha, atribuído por Vinicius de Moraes. Mas, há algo em relação à cantora que se tornou indiscutível. Ela sempre foi considerada a maior intérprete da MPB, colocada num patamar ocupado pelas três grandes divas do jazz, Billie Hollyday, Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan. Nenhuma delas foi compositora, mas poderiam muito bem ser vistas como co-autoras das músicas que cantavam, pela capacidade que tinham de recriá-las.

Você, caro leitor, pode, também, fazer esta avaliação ao ouvir Falso brilhante, o mais cultuado entre os 31 discos lançados por Elis em 21 anos de carreira; e, também, o recordista de vendagem. Na última quinta-feira, quando ela completaria 76 anos, a Universal Music relançou esse álbum icônico no formato Deluxe, com novas mixagem e masterização, que trouxe junto pôster especial para colecionadores e clipe do clássico Como nossos pais. Todo o processo, que viabilizou este combo, tem a assinatura de João Marcelo Bôscoli, responsável pela manutenção do acervo da mãe.

A gravação de Como nossos pais por Elis, que contribuiu decisivamente para a popularização da obra do Belchior, é sempre lembrada quando o assunto é o Falso brilhante. O LP trazia também os clássicos Tatuagem, de Chico Buarque e Ruy Guerra; Gracias a la vida, da chilena Violeta Parra; Fascinação, versão de Armando Louzada para composição original do italiano Ferno Dante Marchetti; e Velha roupa colorida, outra de Belchior; além de O cavaleiro e os moinhos, parceria de João Bosco e Aldir Blanc; e Los hermanos, do argentino Atahualpa Yupanqui.

Uma curiosidade: Elis Regina, vinda de Porto Alegre, onde começou a trajetória artística, chegou ao Rio de Janeiro, em busca de visibilidade para o seu trabalho, em 31 de março de 1964. Naquela data, como é sabido, foi perpetrado o golpe que deu origem à ditadura militar — página infeliz da nossa história, como cantou Chico Buarque de Holanda, em Vai passar. Passou, mas durante os anos de chumbo a cantora foi alvo de perseguição do regime discricionário.

 


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