Clube da Vizinhança

Irlam Rocha: Patrimônio imaterial

Irlam Rocha Lima
postado em 26/04/2022 06:00
 (crédito:  Minervino Junior/CB)
(crédito: Minervino Junior/CB)

Meu primeiro trabalho, com registro em carteira, foi na Brasilar, uma loja de eletrodomésticos que existia na Rua da Igrejinha. Era office-boy e, pelo menos uma vez por semana, no intervalo do almoço, ia até o Clube Social Unidade de Vizinhança. Por trás da cerca de arame, ficava espiando os frequentadores tomando banho de sol ou nadando na piscina.

Quando me mudei de Taguatinga para um quarto de pensão, na 706 Sul, passei a fazer hora extra e com o dinheiro que recebia, controlando ao máximo, digamos, o orçamento, conseguia pagar a mensalidade de sócio do Vizinhança. Lá, embora usasse outras instalações, era no campinho de futebol onde passava a maior parte do tempo. Peladeiro convicto, ficava zangado quando tinha que dar lugar no time a outro associado.

Fiz muitas amizades no clube, mas, no decorrer do tempo, perdi o contato com a maioria, até porque, ao me mudar para a Asa Norte e ser contratado pelo Correio passei a viver outra realidade e o Vizinhança viria a ser uma página virada em minha vida. Nunca mais estive lá, até fazer uma entrevista com Oscar Schmidt, que iniciou a carreira no basquetebol naquele clube, tendo o lendário Zezão como técnico. À época, ele já se destacava nacionalmente.

Na última quarta-feira, ao escrever uma matéria sobre a programação de eventos comemorativos dos 62 anos de Brasília, me deparei com a informação de que Gerson Dias de Lima, presidente do Vizinhança, receberia do governador Ibaneis Rocha a escritura de regularização fundiária da instituição.

Fundada em 1961, é, depois do Iate Clube, a mais antiga entidade deste segmento na cidade. Além do recebimento da escritura, o Vizi — como também é chamado —, tinha algo a mais para celebrar: a conquista do título de patrimônio imaterial de Brasília.

Tudo foi comemorado pelos sócios e convidados com uma grande festa, que teve como ponto alto o show do cantor barreirense Bosco Fernandes — tio de Saulo, nome de destaque da música baiana. Intérprete versátil, Bosco botou muita gente para dançar no embalo da axé music, sambas, sambas-enredo, ritmos nordestinos e de sucessos do pop-rock nacional.

Estive lá e participei das comemorações do aniversário de Brasília — da qual sou cidadão honorário, por título concedido pelo deputado Chico Vigilante — e das conquistas do Vizinhança, lado a lado com vários conterrâneos barreirenses. Eles foram prestigiar Bosco, artista de muita popularidade na região Oeste da Bahia, onde costuma apresentar-se, em diferentes cidades. Depois de décadas, foi bom voltar ao Vizinhança, clube do qual guardo boas recordações.

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