CUSTO DE VIDA

Análise: inflação avança no mundo, mas pode piorar no Brasil

A inflação recorde atinge a todos, mas se mostra mais cruel com as famílias mais pobres, que sentem a alta dos alimentos no dia a dia. Mas engana-se quem pensa que é um fenômeno exclusivamente brasileiro: a carestia avança na maior parte do mundo

Roberto Fonseca
postado em 20/05/2022 06:00
 (crédito: Olieman Eth/Unsplash)
(crédito: Olieman Eth/Unsplash)

O cenário não é nada animador. A cada ida ao supermercado, o valor gasto só faz aumentar. A inflação recorde atinge a todos, mas se mostra mais cruel com as famílias mais pobres, que sentem a alta dos alimentos no dia a dia. Mas engana-se quem pensa que é um fenômeno exclusivamente brasileiro: a carestia avança na maior parte do mundo.

No Reino Unido, por exemplo, uma pesquisa da Ipsos divulgada nesta semana mostra que o aumento do custo de vida provocou mudanças no comportamento da população. Duas em cada três pessoas passaram a desligar o aquecimento da residência. E pouco mais de um quarto dos entrevistados diz que está pulando refeições, por conta da alta dos preços nos supermercados.

O varejo norte-americano registra situação semelhante. Duas grandes redes divulgaram dados que mostram uma forte desaceleração no consumo. Walmart informou que os clientes estão diminuindo mês a mês o valor das compras e trocando por marcas mais baratas. Já o Target, voltado ao público de baixa renda, notou uma sensível queda na venda de eletrodomésticos e televisões. As ações dos dois grupos caíram esta semana.

Por aqui, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reconhece que o problema é mundial porque os "bancos centrais dormiram ao volante", mas acredita que o Brasil já "saiu do inferno". Não é bem assim. Os principais agentes financeiros do país estão revisando as metas de inflação. A XP, por exemplo, acredita que o IPCA deve encerrar este ano em 9,2% — a previsão anterior apontava para 7,4%.

Desde setembro, o IPCA acumulado nos últimos 12 meses rompe a barreira dos 10%. É uma realidade que não estávamos acostumados. Para quem nasceu antes dos anos 1980, impossível não lembrar da época da superinflação. Veio o Plano Real, em 1994, e passamos a ter uma outra relação com o dinheiro. Não era mais necessário fazer toda a compra do mês assim que saísse o salário.

O Banco Central já sinalizou que haverá uma nova alta da taxa básica de juros (Selic). Mas há o receio na Esplanada de que o frio intenso em diversas regiões do país atinja a produção de alimentos, grãos, frutas, verduras e legumes. O sinal de alerta está ligado, principalmente, em relação a hortaliças, café, milho, banana e cana-de-açúcar, mais sensíveis a baixas temperaturas e geadas. Se a produção for afetada, os produtos ficarão mais caros. Pobre consumidor.

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