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Artigo: Os males do machismo

Muitas são as razões que levam ao embrutecimento dos homens, forjados num cenário patriarcal, em que a mulher é depreciada e tida como "propriedade" do sexo oposto

Rosane Garcia
postado em 24/06/2022 06:00
 (crédito: Cristiano Gomes/CB/D.A Press.)
(crédito: Cristiano Gomes/CB/D.A Press.)

O procurador Demétrius Oliveira Macedo, 34 anos, foi levado a uma clínica psiquiátrica. A pedido da polícia, ele teve a ordem de prisão preventiva decretada pelo juiz Raphael Ernane Neves, da 1ª Vara da Comarca de Registro, município do interior de São Paulo. O procurador foi denunciado pelo Ministério Público do estado, após a exibição do vídeo, na última segunda-feira, em que ele agride a procuradora-geral Gabriela Samadello Monteiro de Barros, 39 anos, com chutes, socos e palavrões, no local de trabalho. A vítima teve cortes na cabeça, rosto desfigurado e hematomas pelo corpo. Demétrius deverá responder na Justiça pelo crime de tentativa de feminicídio e por outras transgressões penais.

Descrito como um homem violento, mal-humorado e antissocial com as colegas de trabalho, ele foi denunciado pela procuradora, após destratar uma outra colega que trabalha no mesmo local. Gabriela Monteiro pediu a abertura de um processo administrativo contra Demétrius, por mau comportamento. Ao saber da decisão, ele não se conteve e avançou contra Gabriela Monteiro, sua superior hierárquica. Após ser contido, o procurador foi levado à Delegacia de Polícia, mas foi liberado. Não fosse a interferência de outras autoridades que assistiram ao vídeo, ele estaria livre — uma ameaça real à vida da procuradora-geral. Gabriela Monteiro, pela posição social e econômica, além da formação profissional, não terá dificuldades de conter o agressor Demétrius Macedo.

Provavelmente, ele não ficará impune. A possibilidade de reparação pela violência sofrida, de ter segurança após ameaças e agressões ou de ver o algoz punido, não vale para todas as mulheres do país. A cada cinco horas, uma é vítima de agressão e de feminicídio no país, segundo o Observatório da Violência. O Brasil é o quinta nação mais perigosa para o universo feminino e está na mesma posição em relação ao feminicídio, acrescenta o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Isso significa que o lar se tornou um dos lugares mais perigosos para as mulheres.

Muitas são as razões que levam ao embrutecimento dos homens, forjados num cenário patriarcal, em que a mulher é depreciada e tida como "propriedade" do sexo oposto. O machismo é incentivado até mesmo pelas mães. A educação pela equidade de gênero é entendida como "coisa de maricas", o que reforça os comportamentos arcaicos e valores conservadores, em que as agressões físicas e morais são naturalizadas. É preciso mudar. E, para isso, é essencial cultivar o respeito entre as pessoas, a fim de erradicar os males do machismo.

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