Editorial

Visão do Correio: É preciso paz para votar bem

Correio Braziliense
postado em 03/09/2022 06:00

Repercutiu no planeta a tentativa de assassinato da vice-presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, por Fernando Andrés Sabag Montiel, 35 anos, nascido no Brasil, filho de mãe argentina e pai chileno e radicado no país vizinho há 29 anos. Em meio aos simpatizantes de Cristina, ele apontou uma pistola calibre 380, a poucos centímetros da cabeça dela, mas a arma falhou na tentativa de disparo. As possíveis motivações para a agressão não foram reveladas até agora. Para alguns, a ação teria sido por questões políticas, uma vez que o agressor tem em um dos braços uma tatuagem do sol negro, um  símbolo considerado nazista.  

No Brasil, a 29 dias das eleições gerais, a violência política é uma realidade no país.  Essas agressões, por motivos ideológicos, cresceram 335% nos últimos três anos. No primeiro trimestre de 2022, ocorreram 214 casos contra 47 em 2019, flagrante acirramento dos conflitos, segundo dados coletados pelo Observatório da Violência Política e Eleitoral da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UniRio).

O fato mais emblemático deste ano foi o assassinato do guarda municipal e petista Marcelo Arruda pelo policial penal federal e bolsonarista Jorge Guaranho, em 9 de julho último, em Foz do Iguaçu, no Paraná. O crime consternou grande parte dos brasileiros. Revelou ainda a incapacidade de alguns eleitores de compreender o regime democrático, que significa manter, mesmo na divergência, uma convivência respeitosa aos direitos e às liberdades do outro, sem violência ou ódio.

Hoje, mais de 1 milhão de armas estão em mãos de civis, a partir da flexibilização do Estatuto do Desarmamento, sob o controvertido argumento de que pessoas armadas estão seguras e livres para se defender a violência. A segurança dos cidadãos não é atribuição individual, mas responsabilidade do Estado, por meio de políticas públicas que garantam a integridade dos indivíduos.  

Diante desse aumento exponencial de artefatos letais, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por unanimidade, decidiu proibir a circulação de pessoas portando armas num perímetro de 100 metros dos locais de votação, das seções eleitorais, nas 48 horas que antecedem e nas 24 horas que sucedem o pleito. A medida se estende, inclusive, aos integrantes das Forças Armadas — Exército, Aeronáutica e Marinha —  e das polícias federal, civil e militar, exceto se convocados pelo presidente da mesa receptora de votos ou pela autoridade eleitoral.

Uma eleição segura e sem conflitos depende muito mais dos votantes do que das autoridades policiais. Em um momento tão importante para o país, quando se escolherá quem vai compor os legislativos e comandar os executivos federal, distrital e estaduais, não cabe atos extremos de violência. É preciso civilidade, paz e consciência na hora do voto.

 


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