música popular brasileira

Artigo: Ressignificação da MPB

Irlam Rocha Lima
postado em 20/09/2022 06:00
 (crédito: maurenilson freire)
(crédito: maurenilson freire)

Na música popular brasileira há marcos, representados por movimentos que contribuíram para que essa manifestação artística se tornasse tão rica, diversificada e fundamental para a cultura do país. O samba e o choro, de Pixinguinha, Noel Rosa, Ary Barroso, Cartola e Paulinho da Viola — em diferentes épocas — deixaram claro o quanto somos fortes e relevantes musicalmente.

A era de ouro do rádio, protagonizada por cantores e cantoras como Orlando Silva, Cauby Peixoto, Jorge Goulart, Nelson Gonçalves, Nora Ney, Dalva de Oliveira e Ângela Maria, entre os anos 1940 e 1950, foi de grande importância. Sob a liderança de Tom Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto, a Bossa Nova trouxe modernidade e sofisticação à MPB. Logo depois, sob a influência dos Beatles, ocorreu o iê iê iê, com Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa no comando da Jovem Guarda.

Posteriormente, tendo os festivais e a fusão de ritmos nacionais e internacionais como base, surgiram a Tropicália, idealizada por Caetano Veloso e Gilberto Gil, e o Clube da Esquina, criação de Milton Nascimento e jovens músicos mineiros. Ambos trouxeram evolução melódica e harmônica à nossa música. Raul Seixas, Rita Lee, Renato Russo, Cazuza e Arnaldo Antunes, entre outros, em diferentes momentos, mostraram que os brasileiros também sabem fazer rock de qualidade.

Pois bem, quem estiver a fim de saber um pouco mais sobre esse assunto, que desperta tanto interesse, sugiro a leitura de um livro que, mesmo focalizando apenas o que foi composto, cantado e tocado em um ano, deixa claro como é opulenta e variada a arte mais apreciada pelos brasileiros. Trata-se do 1979 — O ano que ressignificou a MPB.

Organizada pelo jornalista Célio Albuquerque, a obra reúne 100 artigos nos quais os autores — em forma de prosa, resenha, reportagem ou entrevistas —, buscam, ao resgatar memórias, tendo como referências álbuns lançados naquele ano, mostrar o quanto 1979 foi atípico. Produzido a partir de um bem-sucedido financiamento coletivo, o lançamento é da editora Garota FM Books.

Na extensa relação de histórias contadas sobre 100 discos, destaco as de Frutificar — A Cor do Som (Ricardi Pugialli), Angela & Timóteo — Ângela Maria e Aguinaldo Timóteo (Zeca Azevedo), Chorando Baixinho — Arthur Moreira Lima, Abel Ferreira e Época de Ouro (Ruy Godinho), Ângela Ro Ro — Ângela Ro (Crikka Amorim), Beth Carvalho no Pagode (Ana Lu Germano), Sol de Primavera — Beto Guedes (Daniella Zupo).

Mais algumas: Cartola 70 Anos — Cartola (Denilson Monteiro); Na Quadrada das Águas Perdidas — Elomar (Luiz Américo Lisboa Júnior); Senhora da Terra — Elza Soares (Luiz Américo Lisboa Júnior); Cinema Transcendental — Caetano Veloso (Walterson Sardenberg Sobrinho); Lá vem o Brasil descendo a ladeira — Moraes Moreira (Fred Góes); Miucha e Tom Jobim — Miúcha e Tom Jobim (Hugo Sukman); Por quem os sinos dobram — Raul Seixas (Fabian Chacur). A quem adquirir o livro, desejo boa e proveitosa leitura.

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