música popular Brasileira

Artigo: Desconjurar a ignorância

Irlam Rocha Lima
postado em 04/10/2022 06:00
 (crédito:  Francisco Proner/Divulgação)
(crédito: Francisco Proner/Divulgação)

Desde que surgiu, em 1966, cantando A Banda, a marchinha vencedora do primeiro Festival da Record, Chico Buarque de Holanda se tornou o artista de maior representatividade da música popular Brasileira. Mais do que isso: com suas canções, sempre atento às desigualdades sociais, se colocou ao lado dos desassistidos.

Ao longo da carreira, o cantor e compositor carioca, diante da realidade que se impunha, nunca se omitiu. Muito pelo contrário. Corajosamente, ele investiu contra os poderosos de plantão, como os generais que ocuparam a Presidência da República durante os 21 anos da ditadura militar.

Fez isso por meio das letras de suas músicas, a exemplo do clássico Apesar de você, lançada em 1970, que trouxe versos como: "Quando chegar o momento/ Esse meu sofrimento/ Vou cobrar com juros, juro/ Todo esse amor reprimido/ Esse grito contido/Este samba no escuro/ Você que inventou a tristeza/ Ora, tenha a fineza/ De desinventar/ Você vai pagar e é dobrado/ Cada lágrima rolada/ Nesse meu penar."

Da mesma forma, não dá para esquecer de Vai passar, de 1984 — véspera do fim, dos anos de chumbo. Chico cantava a esperança no porvir: "Meu Deus, vem olhar/ Vem ver de perto uma cidade a cantar/A evolução da liberdade/ Até o dia clarear".

Chico Buarque fará show em Brasília, em 29 e 30 de novembro, no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Recentemente, ele voltou a conclamar o cidadão a ter esperança no futuro do país com Que tal um samba?, ao ressaltar: "De novo com a coluna ereta, que tal?/ Juntar os cacos, ir a luta/ Manter o rumo e a cadência/ Desconjurar a ignorância, que tal?"

Esse samba soa também como um alerta contra o autoritarismo e o conservadorismo reacionário que se instauraram e se alastraram pelo país, tornado ainda mais evidentes após o resultado das últimas eleições.

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