EDITORIAL

Visão do Correio — Novembro Azul: a vez dos homens

Correio Braziliense
postado em 04/11/2022 06:00

Se antes os cuidados com a próstata eram responsabilidade dos homens na terceira idade, o Novembro Azul tem servido como alerta, se estendendo a faixas etárias mais jovens. No estado de São Paulo, 93,6% das internações, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) ocorrem entre adultos e idosos de 55 anos ou mais, mas um estudo publicado pelo Observatório Oncológico mostrou que nos últimos anos, houve um aumento de 5% no número de novos casos entre homens com idade entre 20 e 49 anos.

Aliado a isso, neste ano pós-pandêmico, autoridades e especialistas estão preocupados com o represamento do número de consultas, exames e procedimentos urológicos no Brasil desde o início da pandemia, em 2020, o que pode acarretar, futuramente, casos mais agressivos e, em decorrência disso, um aumento das taxas de mortalidade pela doença.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), é a causa de morte de 28,6% da população masculina que desenvolve neoplasias malignas. No Brasil, um homem morre a cada 38 minutos devido ao câncer de próstata. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), em um levantamento feito pela entidade junto ao banco de dados Tabenet/DataSUS, do Ministério da Saúde, mostra que, em 2019, foram realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) o total de 80.755 prostatectomias em oncologia.

Comparado a 2019, houve uma redução de 25% em 2020 (59.438) e 17% em 2021 (65.873). Paralelamente, o número de dosagens de antígeno prostático benigno (PSA) e de biópsias de próstata também caiu: foram 5,7 milhões de dosagens de PSA em 2019, com redução de 28% em 2020. Já o número de biópsias caiu de 41.813, em 2019, para 33.255 em 2020 (redução de 21%).

A descoberta precoce do câncer de próstata e o sucesso no tratamento são totalmente possíveis se os homens se sujeitarem a três exames básicos: o exame de sangue (PSA), o toque retal e a biópsia, esta última caso seja prescrita. Entre os fatores de risco do câncer de próstata existem dois principais: a hereditariedade (genética) e a idade. Outro fator importante é manter hábitos de vida saudável. Embora a doença não esteja relacionada diretamente ao sedentarismo, o câncer de modo geral precisa de certos cuidados para ser evitado, como levar uma vida saudável, alimentação equilibrada, evitar uso de álcool, cigarros e cigarros eletrônicos.

Segundo levantamento do Inca, o segundo câncer mais comum entre os homens (exceto pele não melanoma) é o câncer de cólon e reto. Os números são inferiores aos de próstata, 20.540 novos casos, contra 65.850. Uma vez feito o diagnóstico precoce, este tipo de tumor, apresenta 90% de chance de cura. Para conscientizar os homens e diminuir o "machismo estrutural", a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em parceria com a Astrazeneca, fez uma pesquisa com 1.061 homens com idades entre 40 e 70 anos nas 10 principais capitais brasileiras e detectou que 77% dos entrevistados não fazem o exame por preconceito, especialmente no que se refere ao toque retal.

O dado é alarmante, dada a importância e a gravidade da doença. E não para por aí, já que a estimativa é de 65,8 mil novos casos de câncer de próstata para 2022, prova de que o Novembro Azul está a anos-luz do Outubro Rosa, em termos de participação e visibilidade. Que os homens aprendam com as mulheres.

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