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Artigo — Saúde: os desafios do novo presidente

Correio Braziliense
postado em 10/11/2022 06:00
 (crédito: Caio Gomez)
(crédito: Caio Gomez)

CLÁUDIO TAFIA - Médico, presidente da Aliança para Saúde Populacional (Asap)

Nunca se falou tanto em saúde quanto nos últimos dois anos. O conceito de saúde também mudou bastante, a pandemia fez com que a população refletisse sobre seus hábitos de vida. A prevenção passou a ser mais importante do que esperar a doença chegar para, aí sim, cuidar dela. Nesse aspecto, a gestão de saúde populacional se tornou ainda mais importante. O governo do presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva, chegará com diversos desafios, entre eles ações mais focadas na promoção da saúde, com o intuito de prevenir novas pandemias. Além da adoção de um maior controle e regulação sobre a qualidade assistencial dos prestadores do sistema de saúde, tais como hospitais, laboratórios e clínicas, além da importância da criação de um prontuário único para pacientes, do investimento em pesquisas e nos profissionais da área de saúde. Mas como fazer isso?

O presidente eleito e sua equipe vão precisar desenvolver uma política de Saúde de Estado focada na prevenção, promoção e educação em saúde, o que pode minimizar o impacto de futuras epidemias, melhorar a eficiência do sistema de saúde e reduzir consideravelmente a morbidade e mortalidade da população.

Outro aspecto muito comentado nesses últimos dois anos foi a importância da ciência. Investimento na educação continuada dos profissionais de saúde, através de academias regionais, auxiliando na contínua formação destes, para a transição demográfica e evolução tecnológica que vivemos é fundamental.

Vivemos em um mundo digital, globalizado, é inadmissível nossa saúde pública funcionar de forma analógica. A digitalização dos serviços, protocolos, cuidados e utilização da atenção primária em saúde, no sentido de reduzir duplicidades de recursos para um mesmo paciente e garantiria do melhor cuidado e gestão deve ser uma prioridade para o próximo ministro da Saúde.

Adoção de um maior controle e regulação sobre a qualidade assistencial dos prestadores do sistema de saúde, tais como hospitais, laboratórios e clínicas, no sentido de focar obrigatoriamente na atenção primária, garantindo uma melhor coordenação do cuidado e melhor gestão dos recursos utilizados também deve ser feita.

Uma central inteligente de regulação dando maior visibilidade e acesso da população é uma opção que pode otimizar a gestão de saúde populacional. Vale reforçar que uma central inteligente de regulação e acesso que qualifique a rede de prestação de serviços, integrando os níveis assistenciais e gerenciando a transição do cuidado, para garantir a atenção devida, na medida certa pode resolver diversos problemas enfrentados até agora por outros governantes brasileiros.

É notório que os planos de saúde ajudam a desafogar o SUS, de uma certa forma eles atuam como parceiros do governo, tirando pacientes dos hospitais públicos, levando os atendimentos para redes particulares. O presidente eleito também deverá investir nos estudos para possibilitar que as operadoras de planos de saúde possam realizar incentivos financeiros aos seus beneficiários que se comprometam a adoção de bons hábitos de saúde, estilo de vida e a manutenção do seu autocuidado.

A criação e aplicação de um programa nacional efetivo de saúde mental na Atenção Primária não pode mais ser adiada. Outro ponto importante é a longevidade do brasileiro. Visto que a nossa expectativa de vida aumentou, o novo governo terá a missão de estimular, ampliar, desenvolver e implantar serviços de saúde focados no idoso, para acolhermos a transição demográfica que vivemos.

Por último, e não menos importante, se faz necessária maior integração de ações de gestão de saúde populacional envolvendo a iniciativa privada e mundo corporativo para geração de uma sociedade mais saudável e consciente, com foco no engajamento e adesão das pessoas.

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