Análise

Artigo: Desejo esperança

O ano que termina trouxe à tona o pavor da ameaça de um ataque atômico ou de um desastre nuclear provocado de forma deliberada

Rodrigo Craveiro
postado em 28/12/2022 05:00
 (crédito: Dimitar Dilkoff / AFP)
(crédito: Dimitar Dilkoff / AFP)

Em três dias, daremos adeus a mais um ano de obstáculos, de incertezas, de dor, mas também de superação. 2022 foi marcado pela guerra. Uma invasão injustificada e ilegal da Rússia impôs à Ucrânia mais de 10 meses de horror e de medo. A guerra foi eternizada em imagens absurdamente cruéis: o pai ajoelhado ao lado do corpo do filho; o míssil atravessando um prédio residencial em Kiev; cadáveres com as mãos atadas jogados no meio da rua, em Bucha; câmaras de tortura com orações riscadas na parede; covas coletivas com centenas de amores de alguém, inertes para sempre, roubados por um conflito que nunca procuraram.

O ano que termina trouxe à tona o pavor da ameaça de um ataque atômico ou de um desastre nuclear provocado de forma deliberada. Bombardeios indiscriminados à usina de Zaporizhzhia deixaram o planeta em alerta face a possibilidade de reprise de Chernobyl, localizada em território ucraniano. 2022 também escrachou o fenômeno sombrio do fanatismo.

No Afeganistão, a milícia fundamentalista islâmica Talibã fortaleceu a repressão religiosa e ampliou a segregação das mulheres. As execuções públicas ressurgiram, sob o guarda-chuva da sharia (lei islâmica). Impedidas de manterem mulheres em seus quadros, organizações não governamentais abandonaram o território, deixando o país à mercê do fundamentalismo e da intolerância.

A defesa do direito das mulheres deflagrou um levante que se espalhou pelas ruas do Irã e colocou em xeque 43 anos de teocracia islâmica. Pela primeira vez desde a revolução de 1979, iranianas tiraram o hijab e queimaram o véu islâmico nas ruas — as cenas, antes inimagináveis, foram respondidas com mais repressão e com um sistema judiciário draconiano, que puniu com a pena de morte aqueles que ousaram levantar voz contra o regime dos aiatolás. Enquanto a guerra destroçava vidas e sonhos na Ucrânia, um confronto nunca formalmente finalizado desde 1950 ameaçava a reedição de um banho de sangue. A Coreia do Norte, de Kim Jong-un, realizou o maior número de testes de mísseis da história e acenou com a possibilidade de novo teste nuclear.

Em 2023, tudo o que desejo é a paz. Mas, também, esperança de dias melhores. Que as armas se calem e o respeito levante sua voz doce e calma. Que o homem encontre sabedoria para resolver conflitos e apaziguar divergências. Que a democracia prevaleça sempre e silencie o terrorismo, que somente traz desgraça, dor e morte. Que seja um ano de calmaria, de amor e de segurança.

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